Na última edição do Jornal Voz do Caraça, demos notícia da visita ao Caraça de dois ilustradores botânicos: Heidi Willis, da Austrália, e Kelen Soares, do Brasil. Por questões do espaço disponível numa edição, na página contratada pelo Santuário do Caraça, o exemplo das ilustrações feitas por Kelen Soares ficou muito pequeno.
Por isto, pedi ao Editor que repetisse a foto da palmeira desenhada pelo Kelen. É sumamente admirável a paciência com que o artista desenhou cada parte da palmeira, sobretudo os milhares de folhas, cada uma com suas curvas, seu formato, sua luz, seu vento. É por esta capacidade admirável de ver toda a planta, de reproduzir cada pormenor, por esse amor à maravilha da natureza que está ilustrando que o Kelen é grande e alçará voos extraordinários. Não sei se é a opinião de todos os naturalistas, biólogos, professores e amadores, mas muitos deles preferem os trabalhos dos ilustradores às fotografias, por sua miraculosa paciência e seus resultados deslumbrantes, com uma total e feroz questão de ver todos os detalhes.
Repetir esta palmeira é uma homenagem ao ilustrador e um prazer estético oferecido aos leitores. Ninguém improvisa, ninguém resume, ninguém generaliza: É pegar uma florada e querer desenhar com paixão cada botão, cada flor já aberta, mesmo as fanadas, já idas…
Esse cuidado e essa minúcia são essenciais em quem pesquisa a diversidade dos indivíduos, buscando as espécies novas, acertando no identificar um indivíduo como híbrido natural das espécies.
Padre Lauro Palú, C.M.