Estamos publicando novo artigo da série Um Caraça Desconhecido, número III. Uma explicação faz-se necessária, por causa de sua continuidade. Não tínhamos interesse, nem pensávamos em fazer publicações com este tema. Tudo começou em meados de 2015, quando precisamos enviar um documento ao Caraça. Contratamos um mototáxi para executar o serviço e ele perguntou onde ficava o Caraça, mesmo sendo de Santa Bárbara. Explicamos o caminho e tudo mais… Mas aquela pergunta ficou em nossa cabeça. Como alguém que mora em Santa Bárbara há mais de 30 anos pode não conhecer o Caraça? Comentamos isto com alguém que nos disse que isso é muito comum. “Morei vários anos do Rio de Janeiro e lá muitas pessoas jamais foram ao Cristo Redentor do Corcovado” E por aí vai… Pensamos, é verdade… Por incrível que pareça, a ideia do primeiro artigo, que retratou um pouco a vida cotidiana, religiosa e profissional dos funcionários e mantenedores da Casa, os padres vicentinos ou lazaristas, surgiu da pergunta daquele rapaz. Se não fosse sua indagação, não estaríamos aqui nesta terceira etapa, e olhe que vem muito mais por aí…
Pois bem, alguns critérios foram preestabelecidos para a edição e diagramação dos artigos, com uma mesma foto na abertura em preto e branco, em nossas edições (tudo isto para dar uma conotação de distância, desconhecimento, etc…). Alguns reclamaram da falta de mais cores; por isto a partir desta edição, publicaremos os artigos em policromia e em nova formatação, mais moderna e agradável aos olhos. Esclarecimentos feitos, vamos ao que interessa…
Em nosso segundo tema, mostramos o Caraça pelo lado de seus funcionários, com o dia a dia na Casa e a opinião deles ao trabalhar no Santuário. Nesta terceira abordagem, procuramos pessoas que nunca pisaram naquelas terras, para saber qual foi sua primeira impressão, seus sentimentos, suas surpresas e descobertas, etc.
Não foi difícil encontrá-los, pois o Santuário estava cheio de turistas por todo o lado, prato feito para nossas conversas. Primeiramente ficamos observando as pessoas pelos arredores da Casa. Uns sentados na cantina, tomando sua cervejinha, seu cafezinho ou seu suco, todo o tipo de conversa, escutávamos, lógico só frases isoladas, mas a política era, sem sombra de dúvidas, o mais ouvido… Outros, sentados aos pés do carvalho ou deitados nos bancos atrás. Outros saindo para uma caminhada, fazendo compras na lojinha, passeando pelos jardins, rezando na igreja, sentados no adro, etc. Enfim, cada um tendo sua experiência particular, sua descoberta e sua surpresa. Assim, ficou mais fácil começar a conversar com eles e é justamente o que vamos contar agora…
Sozinho no museu, admirando as peças, encontramos o técnico em informática, Leandro Batista, da cidade de Varginha, sul de Minas… “Quando estava chegando de trem à estação Dois Irmãos em Barão de Cocais, avistei uma serra maravilhosa, mas em passou pela minha cabeça que ela seria meu destino. Quando fomos subindo, depois da portaria do Caraça, me caiu a ficha e perguntei ao guia, que serra era aquela que avistei lá da estação do trem. E ele me respondeu que era justo a que estávamos começando a subir. Que surpresa agradável! O que eu posso dizer é que estou maravilhado, principalmente pela área de preservação…”.
Já o pesquisador de música Rafael Moreira (Caiçara, BH), sentado tranquilamente no lado de fora da cantina, no Caraça, o que sentiu primeiramente foi muita paz. “Cheguei aqui por um roteiro de turismo; estou hospedado em Santa Bárbara. O que posso dizer é que, quando entrei nas dependências e vi aquela igreja monumental, logo a senti com um templo, um local de meditação. Estou me sentindo em minha própria casa”.
Sentado muito confortavelmente em um banquinho em frente à lagoa das tilápias e carpas, o empresário Adriano Elias nos disse: “Este local é mágico, sobrenatural, além de trazer muita paz e espiritualidade. Amei, vou voltar”. (Temos que falar a verdade, que deu uma vontade de dar uma pescada lá – peixes enormes e bonitos – será que o diretor deixaria?!).
Sentada ao pé do centenário carvalho, estava a professora de matemática Elisa Maria Barbosa, com sua turma de Belo Horizonte. Todos maravilhados com as belezas do Santuário, mas a professora tomou a palavra e disse: “Este é um lugar místico. Não me lembro de ter sentido tanta paz e tranquilidade entre montanhas e nuvens e vegetação, e ainda o ar puríssimo desta serra. A arquitetura da igreja me impressionou: jamais poderia imaginar que encontraria uma igreja com esta majestade e beleza, bem aqui, cravada nestas montanhas. Esta foi minha maior surpresa, estou encantada”.
Já no finalzinho da tarde, resolvemos conversar com mais uma pessoa, e não é que achamos um casal que nunca visitara o Caraça! Simpáticos, da cidade de Três Corações. Ele, militar reformado e ela, professora: “Sou professora, ministra da eucaristia e faço trabalhos sociais junto com meu marido na igreja. Soube da existência do Caraça há mais de 30 anos, era um sonho antigo nosso. Conhecer um local pela internet, por fotos ou por ouvir da boca das pessoas é uma coisa; outra, é estar presente em corpo e alma, vivenciar suas belezas, sua arquitetura, espiritualidade, fauna e flora… Como meu marido é militar, comentou que gostou muito da organização e acolhida do local. Se soubesse que teria tantas surpresas não teria esperado este tempo todo para vir aqui”.
Não sabemos quando vai terminar esta série, mas sabemos que a próxima vem aí. Padre Lauro Palú vai mostrar a fauna exótica e desconhecida do Santuário do Caraça. Quando se falam as palavras desconhecido, exuberante ou descoberta, “ nosso” Caraça é único na região. Aquele mototaxista acertou na mosca.