Nesta segunda reportagem, apresentamos “Um Caraça Desconhecido II”. Não vamos mudar o título do assunto, mas achamos que ficaria melhor assim: Um Caraça despercebido II. Esta Casa que se chama Santuário do Caraça, “não” pode parar. Em todas as horas, todos os dias, semanas, meses e anos, esta engrenagem, para funcionar, precisa de umas pecinhas fundamentais, que se chamam: pessoas, gente, funcionários, colaboradores, empregados, ou como você quiser chamar. Nada mais evidente do que isto, certo? Certíssimo! Mas a intenção aqui não é mostrar o óbvio, a intenção aqui é valorizar, enaltecer e tornar um pouco mais percebido o trabalho desta gente. Como diz um conhecido nosso: “quando se trabalha com seriedade, dignamente e de modo honesto, seja lá qual for a profissão, as mãos nunca se sujam”.
Não existe trabalho sem esforço e suor, seja ele físico ou intelectual. Está escrito: “Tirarás da terra com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida”. Deus quis assim e esta é a nossa realidade (uma dádiva concedida). E, dentro desta realidade, o homem tem que tirar o seu sustento com dignidade e de modo honesto. Se não for assim, mais uma vez o homem errará, em detrimento de outros.
Poderíamos ter feito esta reportagem sobre o valor do trabalho humano em qualquer outro lugar, mas escolhemos o Caraça, pelo acolhimento, pela afinidade, história e espiritualidade dos que trabalham naquela Casa. Quem é frequente no Santuário como nós, começa a ter uma visão diferente do trabalho e do comportamento das pessoas de lá.
Num mundo onde os incentivos financeiros já não bastam para motivar os funcionários, onde a qualidade de vida está cada vez mais em “primeiro lugar”, onde trabalhar longas horas em um lugar chato já é sinal de conformismo, – o local de trabalho se torna um aspecto importante na vida dos funcionários. E o Caraça, como poucos lugares (quiçá o único), em nossa região, consegue reunir este benefício na vida do trabalhador! Imagine você, trabalhar em um santuário religioso e ecológico, no meio da serra, rodeado de verde, de montanhas, com uma flora e uma fauna exuberante e cortado por rios e belas cachoeiras. Pessoas do Brasil e do mundo inteiro, falando português (vários sotaques), inglês, espanhol, alemão, francês, etc. É para poucos escolhidos ou sortudos, não acha? Por isto, dificilmente vemos um funcionário de cara amarrada, chateado ou discutindo com alguém. Pelo contrário, vemos funcionários criando vínculos, amizades e afeições, entre eles e entre os turistas e os visitantes como nós.
Percebemos no trabalho destes funcionários uma dimensão fundamental do homem como participante da criação e da redenção. E que o trabalho deles sirva de exemplo para todos, como um meio de santificação, uma boa obrigação para consigo, para com a família, a sociedade e a nossa nação brasileira, que tanto está precisando do trabalho honesto da maioria dos que nos governam.
Nossa intenção nesta pequena reportagem foi tornar mais percebido todo o esforço dos funcionários do Santuário do Caraça, que ao longo do ano de 2015 nos trataram com muito carinho e amizade.
Conversamos com alguns funcionários, destacamos alguns, para poder falar um pouco de como é trabalhar em um local tão maravilhoso como o Caraça…
Qual o seu sentimento por trabalhar no Santuário do Caraça?
Trabalho com o que eu gosto e amo o Caraça. Todos são testemunhas. E o interessante é que só faz 2 anos que eu descobri a Casa, apesar de ser de uma cidade bem próxima, São Gonçalo, onde morei até os 15 anos, depois passei mais 38 anos em São Paulo. Agora estou aqui nesta maravilha de lugar e fazendo, como disse, o que gosto.
Sônia Lúcia Gonçalves
Cozinheira/setor de carnes – 3 anos
Vou falar pra você rapaz, já trabalhei em várias companhias e cidades diferentes por este mundão afora. O que eu posso dizer é que aqui é sem igual, não tem rotina, todo dia faço uma nova coisa. Hoje, estou roçando a grama; amanhã, trocando uns canos e umas lâmpadas; depois cuidando dos jardins… Uma beleza, gosto muito daqui.
João da Silva
Serviços gerais / 5 anos
É um privilégio trabalhar neste Santuário e contribuir com a preservação e conservação desse patrimônio brasileiro. Um trabalho, muito das vezes local, que contribui com a qualidade de vida das pessoas que moram na região.
Aline Abreu
Biológa/Direito Ambiental – 9 anos
O que eu posso dizer é que é um sentimento excepcional. Gosto de conhecimentos em geral. E neste lugar consigo absorver isto mais do que nunca. O contato com pessoas de todo o mundo e de várias culturas e níveis só faz aumentar meu gosto pelo Caraça. Para mim está sendo um grande aprendizado. Até nas minhas folgas, quando posso, venho passar o dia inteiro aqui. Muito, muito bom…
Patrick Oliveira
Monitor / 1 ano
Eu conhecia o Caraça desde pequeno e queria trabalhar aqui. Comecei na horta, uma semana e já me chamaram para o cuidado do gado, no curral. Fiquei seis anos e pouco e saí, voltando há três anos. Meu Pai também trabalha aqui na horta e estamos muito contentes.
Lucimar da Silva Nogueira
Coord. do serviço do gado / 3 anos
Encaro meu trabalho como uma coisa normal, com tranquilidade, ainda mais que sou de pertinho daqui, do Sumidouro. Mas no Caraça tem uma certa diferença, são pessoas de todo lugar. Uma experiência muito legal, estar neste lugar abençoado.
Edna Aparecida Oliveira
Camareira / 5 anos
Sinto-me muito orgulhoso por trabalhar aqui. E sinto, ao mesmo tempo, muito prazer. Já tinha trabalhado no Caraça uns 4 anos. E sou muito agradecido ao Pe. Lauro e ao Pe. Luís Carlos, porque me receberam aqui quando voltei, depois do tempo que trabalhei fora.
Daniel Junior Muniz
Guarda parque / 3 anos
Para nós é uma renovação constante de “energias”, paz e acolhimento. Podemos dizer que somos uma Família Caracense. Outra coisa que queremos destacar é o contato com a história viva e a espiritualidade deste Santuário. Amamos trabalhar aqui!
Marcela Marques e Tábata Miranda
Secretárias / 3 anos e 1 ano