São Vicente de Paulo, o Fundador da Comunidade dos Padres e Irmãos do Caraça, viveu em Paris, na França, a maior parte de sua vida. Morreu no dia 27 de setembro de 1660, sendo sepultado no dia seguinte. Quando se fez o processo de sua beatificação, em 1720, abriram seu túmulo e foram reconhecidas as suas relíquias, que se conservavam intactas. Quando foi canonizado, em 16 de junho de 1737, suas relíquias foram transferidas para uma preciosa urna de prata, onde foram veneradas até 1792, durante a Revolução Francesa, quando os Padres foram expulsos de sua residência, o convento então chamado de São Lázaro, e a urna foi confiscada e depositada entre os Bens Nacionais. O corpo tinha sido escondido no porão da casa de um alto funcionário da Congregação e ali ficou até 1806, até passada a agitação revolucionária. A partir dessa data, até 1815, foi guardado numa Comunidade das Filhas da Caridade, também fundadas por São Vicente, e de lá passou para a Capela da Rua du Bac, onde hoje é a Casa-Mãe das Irmãs.
A festa que se comemora no dia 26 de abril, cada ano, recorda o que houve em 1830, quando o Arcebispo de Paris procedeu à autenticação das relíquias de São Vicente, depois as encerrou numa nova urna de prata, doada pela Arquidiocese de Paris, onde foi exposta à veneração dos fiéis. Foi muito solene e concorrida a procissão que levou as relíquias para a Rua de Sèvres, onde fica atualmente a Casa-Mãe da Congregação dos Padres Vicentinos (ou Lazaristas). Quando, em 1854, se terminou a construção do majestoso altar-mor da igreja dos Padres, a preciosa urna foi colocada num lugar elevado, que permite sua visão por todos os que estão na igreja, sendo acessível por escadas que permitem a chegada dos fiéis até ao lado do sagrado corpo.
Em 1960, comemoraram-se 300 anos da morte de São Vicente e por isso a urna foi levada para a Catedral de Notre-Dame de Paris e para a pequena igreja de Clichy, onde São Vicente tinha sido pároco em 1612. Nessas igrejas foi exposta à veneração dos fiéis.
A veneração das relíquias de São Vicente lembra aos franceses a grandíssima ajuda que ele prestou ao país inteiro durante muitos anos nas guerras e depois das batalhas que matavam tanta gente e reduziam as populações rurais à mais negra miséria. Seu trabalho de suscitar a generosidade e de organizar a caridade das pessoas em favor dos mais necessitados fez de São Vicente um herói nacional, e com toda a justiça ele é chamado um dos Pais da Igreja dos tempos modernos.
Além do Santuário do Caraça, São Vicente é cultuado nas comunidades do Curato Nossa Senhora das Graças, sediado em Brumal, e na Reitoria de São Vicente, em Santa Bárbara. Sua obra continua nas Comunidades que ele fundou e nas organizações que se inspiraram em sua espiritualidade e vivem do seu carisma, como as Conferências da Sociedade de São Vicente de Paulo.
Jornal Voz do Caraça – Ed. 107 – Maio de 2015
Padre Lauro Palú C.M.