Biblioteca do Caraça

Se formou aos poucos, com 27 livros

Padre Miguel Maria Sípolis foi o que mais contribuiu para a formação do acervo

No incêndio de 1968, a maioria dos livros se queimou, mas permanece ativo com mais de 30.000 volumes

Primórdios da Biblioteca do Caraça

Como a maioria das Bibliotecas, a Biblioteca do Caraça também foi se formando aos poucos e de acordo com as necessidades do Colégio. Na época do Irmão Lourenço de Nossa Senhora, não havia mais do que 27 livros, sendo todos religiosos.

Os primeiros Padres da Missão que chegaram ao Caraça trouxeram algumas publicações da Europa e do Rio de Janeiro, dando início ao famoso acervo desta Biblioteca. De todos os Padres que por aqui passaram, o que mais contribuiu para a formação do acervo foi o Padre Miguel Maria Sípolis, que por duas vezes foi superior do Caraça (1854-1857 e 1861-1867). Tendo ido à Europa por diversas vezes, Padre Sípolis trouxe de lá publicações dos séculos XVI, XVII e XVIII.

Quando houve o incêndio em 1968, a maioria dos livros se queimou. O que se sabe ao certo é que quase 15.000 livros foram salvos pelos alunos e pelos Padres que enfrentaram o fogo para salvar o rico acervo. Hoje, contando com mais de 30.000 volumes, a Biblioteca do Caraça guarda dentre suas preciosidades 2.500 obras raras.

Para o visitante que sobe a Serra, são necessários tempo e disposição, associados a interesse e cultura, para apreciar os tesouros de uma Biblioteca quase bicentenária, responsável pela formação de tantos homens ilustres que ajudaram a mudar a história deste país.

Reconhecimento de Dom Pedro II como uma das Bibliotecas mais importantes do império

Em 12 de abril de 1881, durante uma visita ao Colégio do Caraça, Dom Pedro II reconheceu a biblioteca local como uma das mais importantes do Império. Seu acervo, formado ao longo de décadas, contribuiu significativamente para a formação de homens de bem e figuras ilustres da história do Brasil e de Minas Gerais.

No século XIX, na Província de Minas, apenas duas bibliotecas se destacavam tanto em número de volumes quanto em valor cultural: a Biblioteca Municipal Batista Caetano de Almeida, fundada em 1827, em São João Del Rei, e a Biblioteca do Colégio do Caraça, que chegou a reunir aproximadamente 50.000 volumes, consolidando-se como um dos principais centros de saber do período.

Memória viva do Santuário do Caraça

Professores, pesquisadores, alunos de universidades e escolas ficam deslumbrados com a riqueza cultural preservada no alto da serra. Muitos querem tocar ou encostar o dedo nos livros e dizer: peguei no livro de 1500, 1600 ou 1700, é muito gratificante perceber a emoção que estas pessoas demonstram. Alguns anos atrás, um visitante ainda adolescente (16 ou 17 anos) percebeu onde ficava o livro de 1489, perguntou se podia tocar e claro, não concordamos. Aproveitando que nós funcionárias estávamos ocupadas com nossos afazeres do dia a dia, tocou no livro, saiu correndo e gritando: peguei no livro de 1489! Como repreender, sinceramente, ficamos até emocionadas, hoje garantimos, a publicação está bem acondicionada.

Muito se comenta sobre esta biblioteca, principalmente, no meio universitário e outras instituições relacionadas com acervos históricos.
Sempre que passamos por estas instituições surgem os questionamentos: E a Biblioteca do Caraça, conseguiram salvar muitos livros no dia do incêndio? A Biblioteca está sendo reativada? Quantos volumes foram salvos?

O importante é que a Biblioteca continua viva, ressurgiu das cinzas. Obras de grandes filósofos, historiadores, cientistas, eclesiásticos, resistiram ao sinistro de 28 de maio de 1968. Hoje o acervo tanto da biblioteca como do arquivo histórico e fotográfico está acondicionado em estantes deslizantes e depósito com controle de umidade relativa, para prevenção de fungos e insetos nocivos ao papel.

Durante o ano, algumas escolas agendam visita de alunos para conhecer e consultar o acervo da biblioteca. Da UFOP recebemos todos os anos 4 turmas para conhecerem o trabalho aqui realizado e consulta de obras como: livros de gramática antiga, biografia de santos, história, etc.

Alguns pesquisadores também nos procuram para realizar consultas tanto em livros como em documentos do arquivo. Como exemplo no final de 2012, um professor do estado do Espírito Santo aqui esteve para consultar uma publicação de matemática do ano de 1754, chave para o estudo de trigonometria de sua tese de doutorado. Uma professora de Juiz de Fora (UFJF), aqui esteve para consultar documentos sobre o fundador do Caraça Irmão Lourenço ( O trabalho dela é sobre os eremitas mineiros). O documento mais antigo existente no arquivo histórico data de 1766, uma patente da Coroa Portuguesa autorizando o irmão Lourenço a esmolar (pedir esmolas). São mais de 18.000 documentos textuais e 4.500 fotos. Na área de educação, muitos mestrandos e doutorandos procuram informações sobre o ensino no Colégio do Caraça tais como: disciplinas, comportamento, regulamento, etc.

Relatório dos técnicos da Biblioteca Nacional

Os técnicos da Biblioteca Nacional Silvana Bojanoski – Chefe do Centro de Conservação e Encadernação – CCE e Jorge Ricardo C. de C. Raposo da Câmara – Técnico em Documentação – FBN/PLANOR (Plano Nacional de Obras Raras), aqui estiveram em novembro de 2009 e reconheceram o acervo da biblioteca do Caraça como especial. Através de um relatório técnico acrescentaram algumas observações e recomendações quanto a conservação e preservação desse acervo.

Entre em contato

Para realização de pesquisas ao acervo, é necessário o agendamento pelo email: biblioteca@santuariodocaraca.com.br. Entre em contato através de nosso formulário de contato para realizar pesquisas ao acervo, clicando aqui (Para a pesquisas em Obras Raras é necessária apresentar uma justificativa). 

O Acervo da Biblioteca do Caraça está disponível para consulta através do botão abaixo: