Uma das curiosidades do Caraça é o livro de assinaturas. Vem gente do mundo inteiro visitar o Caraça, atraídos por sua história, pelas histórias do lobo-guará, pelo vinho de jabuticaba, pela mesa dos doces no domingo, pela riqueza de sua biodiversidade.
O que encontramos no livro de assinaturas? É um documento superimportante para o Caraça chegar ao título de patrimônio mundial. Pleiteia, naturalmente, o título de patrimônio natural, hoje chamado de Paisagem Cultural da Humanidade, isto é, um pedaço especial do mundo que foi aos poucos transformado pela ação humana e que vale a pena conservar integralmente para o futuro.
Na realidade, o valor mais interessante é saber de onde vêm as pessoas que chegam ao Caraça. Ali vou controlando, ao longo do ano, os nomes dos países. Neste ano, até o dia 1º de junho, em cinco meses, tivemos visitantes de 40 países. Em ordem alfabética, pelos continentes, foram estes:
Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Estados Unidos, México, Paraguai, Peru, Uruguai; Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Escócia, Espanha, França, Holanda, Inglaterra, País de Gales, Polônia, Portugal, Rússia, Suécia, Suíça; China, Coreia do Sul, Filipinas, Japão, Líbano; África do Sul, Angola, Cabo Verde, Costa do Marfim; Austrália, Nova Zelândia, Taiti (Polinésia Francesa).
Nem todo o mundo assina o livro, até porque, quando chegam certos grupos, como algumas escolas, o livro é retirado para evitar as molecagens de alguns engraçadinhos… Com isso, pode acontecer de alguém especial não assinar o livro, como quando vêm certos músicos de fama nacional, alguns artistas, ou escritores, repórteres, senadores, professores universitários, pesquisadores das diversas universidades e dos vários institutos de ciências brasileiros e estrangeiros.
Além deste livro, que é enchido rápida e sucessivamente (muitíssimos livros já estão no arquivo), há um livro especial, que se apresenta aos Príncipes, aos Governadores, aos Bispos, Cardeais, Ministros, ex-Alunos, cujas impressões interessa registrar e conservar para a posteridade. Mas este LIVRO DE OURO é bem guardado, não cai na mão de nenhum moleque.
No livro de todo mundo há muitas curiosidades: os nomes engraçados, às vezes notáveis, são invenção, frequentemente; às vezes são brincadeiras de extremo mau gosto. Há nomes desses bem escalafobéticos, que os pais criam misturando nomes já conhecidos.
Outra coisa gostosa é imaginar como essa gente descobriu o Caraça. Sempre pergunto e respondem que foi por amigos, pela internet, pelo site do Caraça e pelos guias turísticos. Alguns vêm pelo lobo-guará, a maioria, me parece; outros, pela história, muitíssimos pela biodiversidade rica e conservada que temos; uns são observadores de aves ou de borboletas; algum já veio para pesquisar as montanhas antiquíssimas, do pré-cambriano. Isso não está no livro de assinaturas, mas aparece nas conversas. Quem dera falar as línguas de toda essa gente para ouvir de suas terras, conhecer suas famílias, saber de suas curiosidades e dos resultados da viagem.
Pe. Lauro Palú, C. M.