O Caraça vive sob as bênçãos de Deus, criador do mundo bonito em que vivemos, e de Nossa Senhora, que nos protege cada dia contra os perigos da vida. O título da belíssima imagem que o Irmão Lourenço fez vir de Portugal em 1784 é Nossa Senhora Mãe dos Homens, invocação de origem portuguesa, que engloba homens e mulheres, todos nós, filhos de Deus, dados por Cristo no Calvário como filhos também a Nossa Senhora.
Parece que antigamente as coisas eram mais claras, definidas e confortáveis. Dizíamos: dos Homens ou da Humanidade, e todos nos sentíamos mencionados, respeitados, valorizados. Hoje, dizemos homens e mulheres e isto para alguns ainda não basta ou já é demais…
Além da imagem milagrosa, o Irmão Lourenço conseguiu de Roma, em 1792, uma relíquia chamada insigne, o corpo inteiro de um soldado romano, São Pio Mártir, morto por ódio da fé. Foi encontrada na catacumba de Santa Ciríaca, reconhecida como autêntica e enviada ao Caraça, onde chegou cinco anos depois. Imagino a saga que terá sido o seu translado e seu transporte, sobretudo porque chegou intacta, hoje venerada sob o altar-mor.
Essas atrações aumentaram as vindas à ermida do Irmão Lourenço. Devotos e pobres vinham de todo o Estado confiar-se às bênçãos de Nossa Senhora e à intercessão do valente mártir.
Aqui rezei, durante meus quatro anos de estudo no Caraça e rezo agora cada manhã, quando abro a igreja e levanto meus olhos para ver a Santíssima Trindade do vitral maior e os abaixo em seguida para o nicho onde Nossa Senhora nos espera, abençoa e guia.
Na restauração feita no final da década de 1990, numa fenda no dorso da imagem, foi encontrada uma relíquia do século XVIII ou do princípio do XIX, a oração de um Alexandre, que se diz escravo de Nossa Senhora, e cujo texto, atualizado na ortografia, transcrevo com emoção: “Ó Maria Santíssima, Mãe da Misericórdia e dos pecadores, aqui está a vossos pés o menor de todos e o mais indigno filho – Alexandre – escravo vosso. Lançai, minha mãe e Senhora, sobre a alma deste enorme pecador, a vossa santíssima bênção e ponde-me os vossos piíssimos olhos e intercedei por nós a vosso Santíssimo Filho, meu Deus de Amor e Misericórdia”.
A festa, este ano, constou de um tríduo de 6 a 8 de outubro, e da festa, no domingo, dia 9, com a santa missa foi solenizada pelo Coral Crescere, de ex-Alunos dos Padres Vicentinos e de amigos do Caraça.
Pe. Lauro Palú, C. M.