A história se inicia em 1763, quando o fundador do Caraça, ingressa na Ordem Terceira de São Francisco nomeando-se Irmão Lourenço de Nossa Senhora, no Arraial do Tejuco, hoje Diamantina. Muitas dúvidas e lendas giram em torno da figura enigmática do Irmão Lourenço, justamente por sua identidade não comprovada. Até a possível versão de ser pertencente à família “Távora”, famosa pelo atentado contra o rei Dom José I em 1758.
Por volta de 1770, o português Irmão Lourenço de Nossa Senhora escolhe a serra do Caraça para se isolar dos homens e erigir um eremitério, onde edificou uma Santuário do Caraça Roteiro Histórico 2 ermida dedicada a Nossa Senhora Mãe dos Homens e organizou a Irmandade e Romaria de Nossa Senhora Mãe dos Homens.
Em 1774, Irmão Lourenço inaugura a pequena igreja em estilo barroco e as duas alas residenciais. Irmão Lourenço, deu a sua casa o nome de “Hospício de Nossa Senhora Mãe dos Homens”, ou seja, uma casa de acolhimento (hospedagem) para religiosos e romeiros, que passavam por ali, seguindo para algum destino.
Segundo descrições de Auguste Saint-Hilaire, que esteve no Caraça em 1816, a Ermida comportava aproximadamente 100 pessoas, indo mais ou menos até a terceira coluna da atual igreja. Saint Hilaire cita também a existência de duas capelas ricamente ornadas, construídas uma de frente para a outra, no nível pórtico.
Com forte desejo de que o Caraça se tornasse um lugar dedicado a religiosidade e educação, Ir. Lourenço em seu testamento, feito no ano de 1806 por mestre Athaíde, doa toda a propriedade a Coroa Portuguesa – Dom João VI, declarando a sua vontade que seus bens fossem direcionados a estabelecimento de residência de missionários, e onde se aprendessem letras, artes, ciências e línguas.
No dia 27 de outubro de 1819, vem a falecer o Irmão Lourenço de Nossa Senhora, com cerca de noventa e cinco anos, sendo sepultado em sua Ermida no Caraça. Misteriosamente, nesta mesma época, embarcavam em Portugal para missão no Mato Grosso os Padres Vicentinos Pe. Antônio Ferreira Viçoso e Pe. Leandro Rebelo Peixoto e Castro.
Chegando ao Brasil os padres foram surpreendidos por duas notícias, a primeira que a missão a qual foram destinados teria sido assumida por padres capuchinhos e a segunda pela leitura do ministro que lhes fizera o testamento do Ir. Lourenço. “Por via da Carta Régia de 31/03/1820, Dom João VI concedeu esta propriedade aos recém-chegados padres da Congregação da Missão (Lazaristas ou Vicentinos).
Aceitando a missão, chegam ao Caraça em 15 de abril de 1820, Pe. Antonio Ferreira Viçoso e Pe. Leandro Rabelo Peixoto e Castro (Superior do Caraça 1820 a 1827 e 1834 a 1838).
Em 11 de outubro de 1820, Dom João VI concedeu ao Caraça o título de Casa Real, reconhecendo oficialmente sua importância no cenário religioso e educacional do Império.
Logo que tomaram posse da Casa, iniciaram a pregação de missões em toda região e a organização do colégio, iniciando a primeira turma com 14 alunos em 1821.
Anos depois, em 24 de janeiro de 1824, Dom Pedro I elevou ainda mais seu prestígio ao conceder-lhe o título de Casa Imperial, autorizando, inclusive, que fossem esculpidas em seu frontispício as armas do Império.
Por volta dos anos de 1830, diante da falta de espaço para abrigar os alunos e professores, Padre Leandro aumentou o prédio da direita, do lado do calvário, dando a ele mais cinco janelas.
Em 1842, o colégio se transferiu para Campina Verde, ficando o Caraça, por alguns anos, quase vazio, esquecido e inativo. Esta transferência foi necessária devido às ameaças revolucionárias e à insurreição da Província de Minas contra o Império.
Em 1854 esta situação se modificou: temos o início do Caraça Francês, que vai até 1903. Neste ano, 1854, o Seminário Maior de Mariana, dirigido pelos Lazaristas, é transferido para o Caraça, fugindo de uma epidemia de varíola na cidade de Mariana (o seminário Maior voltou para sua sede diocesana em 1882).
Dois anos depois, em Dezembro de 1856, o Colégio do Caraça é reaberto.
Esta nova fase do Colégio só terminaria em 1912, quando o Colégio do Caraça, enquanto colégio propriamente civil, fechou suas portas.
Em 1858, o Padre Mariano Maller construiu um salão perpendicular ao refeitório do Colégio e paralelo à cozinha, que foi capela, refeitório, dormitório, sala de recreio, depósito e salão de teatro.
Afonso Pena, político e jurista brasileiro, que chegou à Presidência da República em 1906, teve sua formação no Colégio do Caraça, onde se matriculou em 28 de novembro de 1859, sob o número 149.
Com o aumento do número de alunos, em 1863, o então superior Padre Miguel Sípolis, apoiado por seu irmão Padre Bartolomeu Sípolis, deu início à construção da capela e do cenáculo, a uns 200 metros acima do Caraça, sentido Pico da Carapuça. A ideia era estabelecer no local o noviciado. Com as bençãos de Dom Viçoso, esmolas e trabalho de seminaristas foi erguida a capela e, à esquerda, um sobrado de dois andares em pedra.
Após terminada a obra, o Pe. Sípolis e seu irmão Pe. Bartolomeu foram transferidos e o cenáculo perdeu seus idealizadores. A má localização do prédio, cuja utilização poderia diminuir ou poluir a água que abastecia o colégio, fez com que houvesse uma votação, onde a maioria dos congregados optaram por abrir o noviciado na mesma casa do Caraça, sintetizando o abandono do cenáculo e, posteriormente, sua demolição, restando apenas suas ruínas e a capela, atualmente chamada de Capela do Sagrado Coração.
Construída em 1856 com o nome de capela Nossa Senhora das Vitórias, a capela foi reformada em 2003, passando a chamar Capela do Sagrado Coração de Jesus. O investimento da obra foi feito por meio do ICMs cultural, verba federal gerada pelo tombamento do Santuário do Caraça pela Prefeitura Municipal de Catas Altas.
Com o novo superior o francês Padre Júlio Clavelin, algumas construções foram realizadas: e, seguindo o exemplo do Padre Leandro, aumentou a ala da esquerda, na parte da frente com mais cinco janelas (possivelmente finalizando em 1870). Construiu a metade do prédio do colégio (entre 1871-1875), hoje em ruínas, que ligava à igreja: essa parte do prédio, foi feita de tijolos para maior rapidez do trabalho, e, por fim, construiu a primeira igreja Neogótica do Brasil.
Devido ao pequeno número de pessoas que a Ermida do Irmão Lourenço comportava, o contínuo aumento do número de alunos do Colégio e a presença no Caraça do Seminário Maior de Mariana (1854-1882), onde se estudava Filosofia e Teologia, o Padre Clavelin, então superior (1867-1885), resolveu derrubar a primitiva Ermida e construir um grande templo neogótico, seguindo o estilo francês, com material local.
Em 1876, iniciaram a demolição da pequena Ermida e a construção do atual Santuário, que levou sete anos, sendo consagrado no dia 27 de maio de 1883.
Em 1882, um ano antes da inauguração do belo templo neogótico, construído também para facilitar o ensino e a prática litúrgica dos seminaristas de Mariana, o Seminário Maior voltou para sua sede diocesana.
Funda-se no Caraça, junto ao Colégio, a Escola Apostólica, que em 1895 será transferida para Petrópolis-RJ.
De 1885 a 1895, abriu-se, junto ao Colégio, a Escola Apostólica, para a educação de meninos que queriam ser Padres Lazaristas.
Entre 1885 e 1890, o Padre Luis Gonzaga Boavida construiu a segunda parte do prédio incendiado, toda ela de pedras.
Também represou as águas do Tanque Grande, trouxe para o Caraça a luz elétrica (20 de novembro de 1893) e construiu o Sobradinho Afonso Pena, assim chamado por ter hospedado o ilustre ex-aluno em 1893.
No século XX, outras obras menores foram sendo construídas e muitos reparos tiveram que ser feitos. No entanto, no final do século XIX, o Caraça já era praticamente o que é hoje em termos de grandes construções.
Artur Bernardes, político e advogado mineiro, que exerceu a Presidência da República em 1922 e 1926, teve sua formação no Colégio do Caraça, onde se matriculou em 06 de novembro de 1887, sob o número 1783.
Colégio do Caraça é equiparado ao Ginásio Nacional (Decreto 3701).
Depois de um tempo fechada, a Escola Apostólica foi reaberta em 1905 e só encerrou seus trabalhos em 1968, com o trágico incêndio.
Em 1911, o Colégio passa a ser Escola Apostólica, isto é, apenas Seminário para formação de sacerdotes. Colégio, seminário e missões foram as atividades que projetaram esta casa no cenário social e eclesiástico brasileiro. Em 1912, o colégio encerrou suas atividades; em 1930, terminou a atividade das Missões; o Caraça continuou a funcionar, sobretudo como Seminário Menor da Congregação da Missão, até o trágico incêndio de 28/05/1968.
No total, mais de 10.000 alunos passaram pelo Caraça, formando uma grande legião de nomes reconhecidos no cenário político, civil e religioso. Alunos que se ordenaram padres, entre eles, foram nomeados bispos. Por seus bancos passaram os Presidentes da República Afonso Pena e Arthur Bernardes e governadores de Minas, como Melo Viana, Augusto de Lima, Olegário Maciel e Raul Soares.
Os alunos chegavam ao Caraça na faixa etária de 10 – 11 anos e estudavam várias disciplinas como: Religião, Português, Literatura Brasileira, Literatura Portuguesa e Universal, Latim, Grego, Francês, Inglês, Matemática, Aritmética, Geografia, Cosmografia, História Natural, Ciências (Física e Química), História do Brasil e Universal, Desenho e Caligrafia.
Fecha-se o Colégio e permanece apenas a Escola Apostólica.
Um trágico incêndio em 28 de maio de 1968, causado por um fogareiro elétrico que super aqueceu ao ser esquecido ligado na sala de encadernação, pôs fim ao célebre Colégio do Caraça. Durante a madrugada, um aluno que dormia na enfermaria, sentiu o cheiro de fumaça e foi avisar o disciplinário. O fogo inicia-se na sala de encadernação, no primeiro andar, e espalhou-se por todo o prédio.
Após todos os alunos estarem a salvos, alunos maiores e padres se dedicaram a cortar o telhado dos acessos aos pátios de recreio, para que o fogo não se espalhasse para o restante da casa. Em seguida salvar parte da biblioteca e a imagem de Nossa Senhora das Graças que ficava no dormitório dos alunos. De mais de 40.000 obras existentes no acervo da Biblioteca, apenas 15.000 foram salvas. Os bombeiros chegaram no dia seguinte pela manhã, após dificuldades em subir a serra pela estrada de terra, restando apenas fazer o rescaldo.
Após o incêndio de 1968, o Caraça viveu momentos de indefinição e de grandes dificuldades. Foi com muito espírito de fé e trabalho e com verdadeiro heroísmo que a PBCM conseguiu manter e conservar esse patrimônio, que aos poucos se tornou um atrativo turístico, mantendo o princípio religioso. Com recursos próprios, de órgãos públicos e empresas, aos poucos, foram sendo empreendidas obras de conservação e restauração.
Situada nos municípios de Catas Altas e Santa Bárbara, com 11.233 hectares, é uma propriedade da Província Brasileira da Congregação da Missão. O Caraça – como comumente é chamado – é um “centro de espiritualidade e missão, de cultura e educação, de conservação ambiental, lazer e turismo” (Plano de Ação para o Caraça 2007 – 2012, p. 1). É ainda:
Trata-se, portanto, de uma estrutura complexa, com múltiplas funções, papéis e personalidades que deve harmoniosamente se integrar para compor uma unidade eficiente e qualificada. Nesse contexto, destacam-se 4 eixos básicos que constituem a integralidade do Caraça:
O Complexo Santuário do Caraça é o conjunto de toda a propriedade de 11.233 hectares, onde estão localizados o Conjunto Arquitetônico do Santuário, a área da RPPN (área de 10.187 ha), e partes identificadas pela proprietária como áreas de manejo. No Conjunto Arquitetônico estão a igreja neogótica, o prédio do antigo colégio (hoje museu e biblioteca) e a pousada. Na área de manejo estão localizadas a Fazenda do Engenho, o Buraco da Boiada, a Fazenda do Capivari.
Nome dado pelos Bandeirantes no século XVIII, após avistarem na serra, uma conformação rochosa, semelhante ao perfil de um rosto de uma pessoa, do latim “cara grande”. Caraça, em tupi-guarani, significa desfiladeiro ou bocaina, como hoje é chamado o portentoso vale entre os Picos do Sol e do Inficionado. Diante do Santuário, não é possível ver a “Caraça”, é preciso caminhar em direção ao Banho do Belchior, até o local chamado de Pinheiros, a outra opção é na trilha para a Bocaina, na Pedra da Paciência, e por fim, a opção mais próxima é o mirante da piscina.
Por volta de 1770, a sesmaria do Caraça foi comprada pelo Irmão Lourenço de Nossa Senhora, que logo começou a construir um hospício (casa de hospedagem) para romeiros e uma capela barroca, dedicada a Nossa Senhora Mãe dos Homens, devoção mariana tipicamente portuguesa.
Muitas dúvidas e lendas giram em torno da histórica, mas enigmática figura do Irmão Lourenço. No entanto, sua vida no Santuário do Caraça é bem documentada e conhecida. As dúvidas pairam sobre seu passado, antes de chegar à Serra do Caraça.
Estudos e hipóteses apontam para Carlos Mendonça Távora, um nobre português que, depois de um atentado contra Dom José I, rei de Portugal, foi perseguido pelo Marquês de Pombal. Os Távoras, longe de serem criminosos, cometeram esse atentado por não aceitarem as atitudes do rei contra uma mulher da família. Onze nobres da família foram queimados em praça pública, em Portugal, outro apenas em efígie, por ter fugido.
Este fugitivo seria Carlos Mendonça Távora, que, por volta de 1760, está no Arraial do Tejuco (hoje Diamantina-MG) trabalhando na mineração. Chegando pobre ao Tejuco, faz-se membro da Ordem Terceira de São Francisco e, assim, consegue status social e proximidade com os principais homens do lugar, especialmente com o Contratador João Fernandes de Oliveira, marido de Xica da Silva, cuja fortuna talvez fosse maior do que a de Dom José I, em Portugal.
Sob novas acusações contra a política tributária do Arraial do Tejuco e o desejo da Corte de assumir por própria conta a mineração, o que se deu com a criação da Real Extração do Diamante, o Irmão Lourenço novamente precisa se retirar.
Independente da exatidão de tais informações e das vertentes que essa história pode ter, o fato é que em 1768-1770 o Irmão Lourenço de Nossa Senhora compra a sesmaria do Caraça e aqui se instala, no mais vivo desejo de se converter e devotar sua vida à obra de Deus e à divulgação do Santuário do Caraça como lugar de retomada da vida à luz do projeto de Deus, sob a proteção de Nossa Senhora Mãe dos Homens.
Dedicando-se à vida penitente e ao atendimento dos peregrinos, mais tarde acompanhado de outros ermitães penitentes, o Irmão Lourenço cria, em Minas Gerais, um foco de atração para Deus, em meio ao tumulto minerador, e um centro de conversão, oferecendo ao povo uma alternativa à loucura do século. Com o desenvolvimento de seu Santuário, funda a Irmandade de Nossa Senhora Mãe dos Homens (1791-1885) e, com a ajuda de seus membros, que chegaram ao longo do século ao número de 23.226, e às esmolas conseguidas em peregrinações por toda a Província, vai melhorando as instalações do Caraça e enriquecendo sua igreja e sua hospedaria.
Com a idade avançando e as dificuldades enfrentadas para a continuidade de sua obra, o Irmão Lourenço resolve fazer a doação das terras e do Santuário à Fazenda Real, a fim de que a Coroa Portuguesa conseguisse Padres que dessem continuidade ao centro de romaria e missão e, sendo possível, fundassem uma casa para educação de meninos. Foram feitos três requerimentos: o primeiro em 1806 e os dois últimos em 1810, todos sem resposta positiva.
No dia 27 de outubro de 1819, com cerca de 96 anos, o Irmão Lourenço faleceu, sem ver os Padres tomando posse de sua Ermida. No entanto, o velho penitente morreu consolado, pois, segundo os relatos do vigário de Catas Altas, que atendeu nos últimos momentos de vida o santo fundador do Caraça, Nossa Senhora teria se manifestado a ele dizendo que podia morrer em paz, pois Deus não abandonaria a obra do Caraça. Isso, de fato, se provaria com o envio de Missionários para dar continuidade à obra do Santuário.
Pelo Colégio do Caraça passaram quase 11000 alunos, dos quais muitos tiveram seus nomes reconhecidos no cenário nacional, político, civil e religioso: em média 500 padres, 21 bispos, 120 políticos, dos quais dois Presidentes da República: Afonso Pena (1906-1909) e Artur Bernardes (1922-1926), magistrados, médicos, engenheiros, cientistas, professores universitários, etc.
Segundo Alceu Amoroso Lima (Tristão de Athayde), o sistema de ensino do Caraça era “admirável código de educação, um modelo de verdadeiro humanismo pedagógico, em que a autoridade harmoniosamente se combina com a personalidade e a suavidade”. De fato, como lugar de ensino humanístico, o Colégio sempre se esmerou pela excelência acadêmica (o que contrastava radicalmente com a decadência da educação primária no país, o que forçava os abastados a estudarem na Europa), coerência e seriedade pedagógica dos professores, séria disciplina (muitas vezes, por demais rígida), absoluta pontualidade e cadência ritualística dos dias e das atividades.
No período áureo francês (fim do século XIX), no Caraça, unido ao curso de Teologia e Filosofia do Seminário Maior de Mariana, estudavam-se 25 matérias. Um ritmo verdadeiramente universitário, visto que os meninos, neste período, ficavam internos em média sete anos!
No século XX, os meninos continuavam chegando ao Caraça por volta dos 10-11 anos, mas ficavam menos tempo que no período francês. O curso de humanidades do Colégio, agora equiparado ao Ginásio Nacional, pelo Decreto 3701, era de apenas cinco anos. E nele se estudavam, com algumas variações: Religião, Português, Literatura Brasileira, Literatura Portuguesa e Universal, Latim, Grego, Francês, Inglês, Matemática, Aritmética, Geografia, Cosmografia, História Natural, Ciências (Física e Química), História do Brasil e Universal, Desenho e Caligrafia.
O objetivo dos estudos era o conhecimento detalhado, quanto possível aprofundado, do tema versado. O método era a explicação antecipada pelo professor da matéria da aula seguinte, que era revista antes da respectiva aula pelo próprio aluno, na hora do estudo pessoal. Eram duas aulas pela manhã e duas pela tarde, todas precedidas por seus estudos, além do estudo noturno, para as tarefas e exercícios passados pelos professores. Exames orais e questionamentos sobre as matérias eram feitos periodicamente, além do exercício de leitura, para o qual se aproveitavam os momentos de refeição. Ademais, eram freqüentes os campeonatos de literatura e os torneios temáticos. Tudo isso, aliado a grande disciplina, possibilitava aos alunos um sério estudo e uma excelente aquisição de conhecimentos. Indisciplina, “colas”, maus hábitos escolares, brigas e preguiça não eram bem vistos pelos professores e eram inaceitáveis no esquema educacional caracense.
A leitura de notas mensal ou semestral era também um grande fator de incentivo ao estudo. Tal acontecimento se dava no salão de estudos, na presença de todos os alunos e de todos os professores. E com júbilo eram saudados aqueles que tiravam 9 e 10!
De modo especial, cabe ressaltar o aproveitamento do tempo como um dos pontos mais marcantes e fundamentais do Colégio do Caraça. O tempo empregado no estudo pessoal, na leitura e nas aulas completava quase toda a jornada diária. Acolhendo o estudo como sagrado e único motivo pelo qual subiram a Serra, os alunos aplicavam-se, guiados pelo exemplo e pela direção dos Padres professores, com assiduidade à aquisição do conhecimento e com rígida e fecunda disciplina à organização de suas vidas.
A Igreja Neogótica possui torres pontiagudas e esguias, grandes vitrais e rosáceas. No Frontispício, aparece o símbolo de São Francisco de Assis, cuja a Ordem Terceira pertencia o Irmão Lourenço, além de duas datas, 1775 que marcou a sagração da Ermida do Irmão Lourenço e, 1880, marcando a colocação da imagem de Nossa Senhora das Graças no Frontispício.
A pedra-sabão usada na construção da igreja foi retirada próximo da Cascatona, já o mármore próximo da cidade de Mariana e o quartzo da região do Caraça e da vizinhança. No interior da igreja, encontramos vitrais franceses, sendo que o central foi doação de Dom Pedro II. A imagem de Nossa Senhora Mãe dos Homens veio de Portugal em 1784, o Corpo de São Pio Mártir, que foi o primeiro corpo de santo vindo para o Brasil, chegando por volta de 1797 (corpo revestido de cera, unhas no pé e mão, dente e um cálice contendo areia e sangue).
Conservaram-se um rico acervo de arte barroca composta por dois altares – Nossa Senhora da Piedade e Sagrado Coração – Obra de Mestre Athayde, dois púlpitos e a tela da “Santa Ceia”, do mestre Athayde (1828). O estilo gótico, fugindo dos padrões da região, foi uma influência do estilo francês na época. Também foi inaugurado junto à igreja, o órgão, que foi construído pelo padre Luis Gonzaga Boavida.
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