Maio já é frio, imaginem junho e julho. O clima da serra é muito mais frio no Caraça que em Santa Bárbara ou Barão de Cocais. Mesmo em relação à Fazenda do Engenho, o Caraça normalmente é dez graus mais frio (ou menos quente…). Alguns hóspedes preferem dormir no Engenho, subir para o almoço e o jantar, mas dormem lá na Fazenda, quentinhos pelo chá substancial (com biscoitos e pães de queijo) que a Fazenda oferece.
O que fazer, no Caraça, com todo esse frio? Banho no rio, nem pensar. Banho na Cascatinha, às vezes, ou na Cascatona, depois de muito aquecidos pela caminhada. A meninada dos Colégios e das escolas, em geral, quer enfrentar a Cascatinha, mas gritam como bugres, como se o grito esquentasse a água ou fizesse doer menos aquela água supergelada… E esses mesmos, se são hóspedes e vão dormir no Caraça, não querem saber dos chuveiros, com aquela água abundante aquecida solarmente. Não são loucos de tomar banho de chuveiro com esse frio…
De dia, conversar ao sol, ler um livro sentado perto da cantina, sentado nos bancos do adro da igreja ou do jardim, bebericar um vinho ou uma cachacinha, também esquenta e há quem faça disso o seu programa da manhã e da tarde, variando o “campo de pouso”. Alguns partem decididamente para as longas caminhadas, mesmo sabendo que os dias são bem mais curtos que no horário de verão. Não faltam as blusas, os abrigos, as mantas, as luvas, os gorros, o colinho gostoso da mãe, o cangote do pai, a avó que esfrega as mãos da criança e as aquece com seu sopro.
Para as noites longas, o Caraça oferece mantas superconfortáveis, leves e quentes, da melhor qualidade. Só se pede aos hóspedes que não levem os cobertores para o adro, na hora de esperar (indefinidamente…) o lobo-guará. Acabam sujando os cobertores, enchendo-os de areia, até derramando vinho, já aconteceu…
O chá e as pipocas da noite também ajudam a esquentar, mais os chocolates comprados no barzinho à noite ou na cantina para a hora do frio maior.
O frio é extremamente saudável e até estimulante, mas precisamos não exagerar, porque as gripes, os resfriados, os maus-jeitos nos espreitam e aproveitam qualquer baixa no organismo para nos porem de cama ou chumbados, vários dias, especialmente chatos quando partem nossas férias. No mais, é admirar a pureza do ar, a profundidade do azul, sentir como o som voa mais rápido no ar gelado, ver o que fazem os tico-ticos, canários e sabiás para esquentar-se ou conservar o calorzinho do corpo (estufando as penas, até parecem mais gordinhos!).
Pe. Lauro Palú, C. M.