Aliás, propriamente, Natal e Ano Novo na Terra Santa, pois se trata das festas do fim do ano na serra do Caraça, não lá no meio dos tiroteios e atentados do Oriente próximo…
As reservas se esgotam muito cedo, mal a secretaria abre as inscrições. E há os que chegam na última hora e ainda esperam ter vagas suficientes para toda a Família… A espera, que é parente próxima da esperança, muitíssimas vezes funciona, porque a lista caminha. Um desiste por problemas de saúde; outro pela loteria que ganhou, e trocará o Caraça por New York, o Banho do Belchior pelo Rockfeller Center…
Duas coisas caracterizam essas festas. O Natal tem sido celebrado sempre mais por hóspedes de primeira visita ao Caraça. Dos que vinham, mais e mais gente prefere passar a noite santa em casa ou nas vizinhanças, com os Pais ou Avós, todos os Filhos e os Irmãos, etc. Já o Ano Novo, que também recebe novatos e curiosos, aventureiros ou antigos hóspedes que estão redescobrindo nossa Casa, se caracteriza pelo grupo consistente dos frequentadores fiéis, que todo ano vêm festejar aqui as esperanças magníficas do Ano Novo.
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Nas duas datas, a missa é celebrada mais tarde, para terminar perto do horário da comemoração. Depois da Missa do Galo, 24 à noite, não há o ritual dos 10, 9, 8, 7, 6, 5… Terminada a celebração na igreja, com a colocação do Menino Jesus no presépio, que ainda continua esperando os Reis Magos, vamos ao restaurante, brilhante de luzes e das velas nos candelabros e nas mesas, e todos chegam de olho nas iguarias, salgadinhos, pernil, peru, lombinho de porco, rabanadas, a mesa dos bombons e do bolo, a mesa das frutas, a mesa dos vinhos, cervejas, refrigerantes e sucos.
É uma festa de família, com gente se conhecendo, às vezes se reencontrando, com o gosto de desejar felicidades sinceramente. O aniversariante da noite, o MENINO JESUS, foi recordado na missa, na comunhão, nas orações pelos ausentes distantes ou já falecidos…
Já o Ano Novo é festejado com horário da missa um pouco mais tarde, para chegarmos aos comes e bebes quase na hora do encontro dos três ponteiros, quando magicamente acreditamos que tudo vai dar certo neste ano, que a grande loteria vai acabar no nosso bolso, e, como o Padre andou dizendo no sermão da missa, que finalmente alguns daqueles de lá vão acabar na cadeia, como esperamos e eles merecem…
Há gente que não gosta da festa do Natal, que sempre lhes traz recordações tristes, do Pai ou da Mãe falecidos há pouco, do Filho que está faltando este ano, dos amigos que nunca mais encontrarão. Isto no Ano Novo funciona um pouco menos, até porque alguns bebem mais, se distraem mais rapidamente, falam mais alto, afogam as mágoas e as imaginam superadas…
Na oração do início das comemorações no refeitório, o Diretor da Casa lembra o ambiente em que todos estão vivendo e motiva a alegria, a gratidão, os abraços e beijos entre todos na grande família que formamos nesses dois dias especiais.
Neste ano, sobretudo, aproveitei para convidar os amigos e os hóspedes a participarem na Associação dos Ex-Alunos dos Lazaristas e dos Amigos do Caraça (AEALAC). Durante os dias de convívio, fui motivando os frequentadores fiéis do Caraça a conhecerem a AEALAC, se interessarem por seus estatutos e se filiarem ao grupo atual, que já não são apenas ex-Alunos, mas também seus familiares e outros que desejaram reforçar essa animada gente que tem o Caraça como um lugar especial de sua oração, seu descanso, seu reencontro com a Família, com os amigos e com o próprio Deus. Continuaremos dando notícias da AEALAC nas nossas próximas edições.
Padre Lauro Palú, C.M.