Sábado e domingo, 10 e 11 de dezembro, apresentou-se no Caraça o Coral MUSICANTO, fundado há 18 anos e regido até hoje pelo Maestro Divino Francisco de Castro. No início, seria um encontro de Corais, mas não deu, por alguma razão. E assim foi até bom, porque o Musicanto pôde apresentar mais peças do seu rico repertório.
São 30 coralistas, homens e mulheres, de várias idades e diversas formações, de Contagem e da grande Belo Horizonte. O que os une é a alegria, o gosto de cantarem juntos a bondade da vida, suas belas surpresas, seus momentos de exaltação e de glória, seus momentos tristes e doridos. Cantam peças eruditas e populares, modernas ou clássicas, gospel e folclóricas. Acompanha-os o tecladista Douglas Alves Nísio, estudante de piano na UEMG.
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Sempre me impressiona a memória dos músicos, ainda mais que a dos cantores. São milhares de notas que devem tocar, tantas ao mesmo tempo, com as duas mãos. Uma depois da outra, sucedem-se vertiginosas as notas, forma-se a melodia, encrespa-se a harmonia, seis e mais notas ao mesmo tempo, naquela riqueza que nos enleva e eleva, nos arrebata ao dia a dia e nos leva ao gosto, à emoção incontrolável, às lágrimas de pura alegria, ao assombro. E o nosso pianista não vê nada disto, como o vemos, pois aprendeu as notas pela ponta sensibilíssima dos dedos, gravou-as uma a uma e todas na memória exercitada e ali, com as mãos no teclado, sabe por onde anda o som, onde corre a melodia, onde se acumulam as águas e se forma a harmonia. Algumas das músicas cantadas foram “a cappella”, isto é, sem acompanhamento. E o Douglas com os olhos fechados na sua solidão acompanha as melodias no ar, na luz que ele vê por dentro e acompanha cantando junto.
Sábado cantaram antes da Missa das 20 horas e foram muito aplaudidos pelos hóspedes do Caraça, que, sabiamente, deixaram o adro e a visita do lobo-guará e foram ouvir o Coral. Domingo, animaram a missa das 11 horas, cheia de gente de muitas cidades, que vieram para a celebração eucarística na surpreendente igreja neogótica. E como eu celebrava meus primeiros 77 nos de vida, além dos parabéns tradicionais, ofereceram-me o Panis angelicus da missa de César Franck. Deixando de lado as preciosidades latinas, também cantaram em bom português. Agradeci em nome de todos nós do Caraça e convidei-os a voltarem ainda outras vezes, assim bela e generosamente preparados.