Suas patas são altas para facilitar seu movimento nos campos, já que é um animal do Cerrado. O Chrysocyon brachyurusnão é animal das matas fechadas, é um animal campestre, andando em estradas e em trilhas e onde há campos com baixa vegetação. Por sinal, quem for andar para o Banho do Belchior, Pinheiros, Tanque Grande, Prainha, Cascatinha e Bocaina poderá ver com muita facilidade as pegadas do lobo guará nas trilhas. São quatro dedos, sendo que os dois do meio são um pouco mais juntos, almofada e garras.
Estima-se que a espécie do Chrysocyon brachyurus vive 16 anos, pesa em média 25kg e anda 30Km por noite caçando. É um animal de hábitos noturnos, mais ágil ao entardecer e ao amanhecer. Durante o dia fica descansando sobre a relva, deitando-se cada dia em um lugar. Não fica em tocas.
O Chrysocyon brachyurus é onívoro: come de tudo. Come pequenos animais e aves. Ele continua caçando, independente da comida que nós oferecemos a ele. Esta comida não o deixa dependente dos padres. Dos pequenos animais, ele come rato, gambá, coelho, coelho-do-mato, preá, cobra, sapo; das aves, come jacu (Penelope obscura e P. Superciliaris), saracura e outras. Por sinal, precisa dos pelos dos animais e das penas das aves para facilitar os movimentos peristálticos, da digestão. Come também frutas, como a fruta-do-lobo ou lobeira (Solanum lycocarpum), pêssego, maracujá, goiaba, etc. Além disso, é atraído por cheiros fortes, como o de frutas e comida apodrecendo, motivo pelo qual costuma revirar as lixeiras.
O Guará tem hábitos solitários; não vive em alcatéia, em grupo, como o Canis lupus. Também não uiva, ele late. Aqui no Caraça, nós temos apenas um casal de lobos. Não cabem mais, porque são territorialistas, demarcando todo o território com a urina. O casal precisa de 2.500 hectares (2.500 campos de futebol). É mais ou menos o que temos aqui no Caraça de Cerrado. Nossa propriedade mede 11.233 hectares, mas não podemos contar, para o lobo, a Mata Atlântica e os picos de altitude. É animal do Cerrado.
(Foto: Eduardo Franco)