Padre Lauro Palú, 74, conheceu santuário em 1953 e hoje cuida do lugar
Rodeado de serras, vegetação nativa e cursos d’água, o Santuário do Caraça, na região Central de Minas, é um lugar imaculado. Ali, não há poluição, as cores da natureza encantam os visitantes e o barulho mais intenso que se ouve é o do vento. É em meio a esse clima santificado que vive o padre Lauro Palú, 74. Mesmo sendo um amante da natureza e tendo uma ligação forte com o lugar, Palú está longe de ser um homem do mato, como ele mesmo brinca. Cosmopolita, ele já conheceu 48 países e fala mais de dez idiomas diferentes. À frente do santuário do Caraça desde o início do ano passado, o religioso completa hoje 50 anos de sacerdócio.
“Antes mesmo de me tornar padre, estudei no Caraça, e a maioria das coisas aprendi aqui. O meu francês, por exemplo, aprendi no mato”, revela. Ainda no ensino fundamental, no Paraná, onde nasceu, ele foi levado para um colégio religioso. Por meio da orientação de um irmão e de um padre, veio para Minas em 1953, para terminar os estudos no antigo colégio do Caraça.
A história do padre em terras mineiras começou cedo, mas ele só retornou para o santuário muitos anos depois. Entre os seus estudos e a direção do local, passaram-se mais de 50 anos, muitas paixões foram surgindo e ele, como autodidata, carrega hoje uma grande bagagem intelectual. “Quanto aos meus gostos, acho que sou um generalista. Gosto muito de literatura, principalmente quando leio na língua original. Tem outro sabor. Hoje, tenho também muito apreço pelos estudos de fauna e flora e aproveito a diversidade desse lugar para catalogar as espécies. No meu computador tenho mais de 40 mil fotos como banco de dados”, afirma o padre.
Palú ainda escreve poesias – quase todas inspiradas no próprio Caraça – e demonstra talento com a fotografia. Ele sempre expõe as imagens que faz em suas incursões pela região.
O padre anda pelos corredores do santuário quase de olhos fechados e conhece cada pedacinho do lugar. Popular e admirado por todos, é difícil passar por alguém ali dentro e não ser abordado. Palú é quase uma memória viva de tudo o que aconteceu no santuário. Mesmo as histórias que apenas leu em livros estão vivas em sua mente. Por isso, é respeitado e acompanha de perto tudo o que acontece.
Ao completar o seu Jubileu de Ouro neste fim de semana, ele receberá diversos companheiros, ex-alunos e membros da igreja. O dia amanhã será de comemoração e haverá missa e almoço. Considerando toda a história e o envolvimento de Palú com o Caraça, amanhã, não só ele, mas o santuário também estará em festa.
Fonte: Jornal O Tempo