Cinco de junho é o dia mundial do meio ambiente. A meninada de espírito vivo reclama com razão: Não queremos só o meio ambiente, mas o ambiente inteiro. Não é um jogo de palavras, porque não podemos ficar pensando só nos bichos que vivem no seco ou nas baleias que vivem na água, mas temos que pensar primeiro em nós mesmos, e pensar em nós como parte importante deste mundo que devemos salvar e como parte que tem uma pesada responsabilidade, porque os outros, os pinguins, os micos, as tanajuras, não podem fazer nada para mudar o mundo, mudar a política dos homens, as leis que permitem e até incentivam sujeira, poluição e violência.
Foi no dia 5 de junho que se realizou em 1972, em Estocolmo, na Suécia, a primeira grande reunião das Nações Unidas sobre a urgência e a dimensão mundial da necessidade de preservar e proteger o meio ambiente. Escolheram esse dia como bandeira, para chamar a atenção para a responsabilidade dos governos dos países, porque só a dona de casa que está varrendo a calçada ou o moleque que está chupando cana na rua não podem mudar o mundo, impedir os grandes estragos que estão acontecendo por toda parte, porque isso é coisa das indústrias, que são favorecidas pelos governos que ganham dinheiro vendendo as licenças mais escandalosas e prejudiciais. Governo em geral, nos países atrasados, só pensa em quatro ou cinco anos, o tempo deles no poleiro, não pensam no futuro, quando tiverem caído fora e estivermos aguentando as fumaças, o cloro nas águas, os apagões, os desastres nas estradas, o atraso dos alunos no aprendizado, as greves dos professores, dos médicos, da polícia, etc.
Para termos ideia da gravidade da situação do mundo, das responsabilidades que todos temos em relação ao meio ambiente, basta enumerar os temas dos vários dias nacionais ou mundiais disso e daquilo:
Dia do combate à poluição por agrotóxicos, dia mundial das zonas úmidas, dia do agente de defesa ambiental, do turismo ecológico, da conscientização sobre as mudanças climáticas, dia das florestas, da água, da conservação do solo, do índio, do seringueiro, do sapateiro, do pau-brasil, do campo, da biodiversidade, da Mata Atlântica, dos oceanos, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, dia do combate à desertificação, dia do engenheiro florestal, dos garis e dos catadores de papel, dia do controle da poluição industrial, dia do aniversário do Instituto Chico Mendes de conservação da biodiversidade, dia do biólogo, da Amazônia, da Caatinga, do Cerrado, do Pantanal, dia internacional de preservação da camada de ozônio, dia da limpeza de praia, dia da árvore, da defesa da fauna, dia nacional das abelhas, dia das aves, dia mundial para a prevenção de desastres naturais, dia do mar, dia do consumo consciente, dia mundial da alimentação, dia internacional dos povos indígenas, etc.
Nenhum de nós tem tempo para pensar em tudo isso, vai ter energia para brigar por tudo isso, vai ter dinheiro para ajudar todas essas campanhas. Para isso há governo municipal, estadual e federal, para isso existem a Organização das Nações Unidas e suas agências, para a educação e a ciência (UNESCO), para a alimentação (FAO), as missões de soldados em países em guerra, etc. Mas nós não temos desculpas se não fizermos nada: quem joga lixo na rua, mesmo quem deixa cair o papel da bala ou o canudinho do refresco é um “sujis mundo”, não é um “limpis mundo”…
Há uma expressão bonita que diz que devemos pensar no global e agir no local.
Quem nos deu toda essa responsabilidade, essa tarefa gloriosa de cuidar do mundo, foi Deus, quando disse ao Homem e à Mulher: “Cresçam e se multipliquem. A terra é toda para vocês, mas cuidem dela”. Deus viu, cada dia da Criação, que as coisas que fazia estavam ficando boas e bonitas. Mas, quando fez o Homem e a Mulher, à sua imagem e semelhança, viu que tudo o que ele havia feito tinha ficado era é muito bom. Ser criado à imagem e semelhança de Deus é ser inteligente, capaz de querer e entender as coisas, capaz de amar, de responsabilizar-se, de fazer arte e artesanato, de criar escolas e plantar feijão, de cuidar dos doentes e de escrever cartas, de mandar mensagens para os amigos e cobrar dos nossos políticos medidas de serviço real do povo. Entre todos os bichos que Deus pôs no mundo, só a humanidade é capaz de chorar, de rir e rezar, de planejar uma festa ou fazer uma greve, de eleger um deputado, de servir à coletividade. Em resumo, dia mundial do meio ambiente deve ser um dia para pensarmos que nosso lugar é nas ruas, quando nos manipulam e engambelam, é nos partidos, quando os queremos melhores, é na cabine eleitoral, quando pensamos na seriedade da vida e na responsabilidade de todos. Adulto não fica chorando pirulito caído no chão. Adulto já sabe por que temos de pensar no meio ambiente e cuidar dele seriamente. Enquanto é tempo.
Padre Lauro Palú, C.M.