O parquinho, com seu chão de areia e seu pulador de areia, é uma atração para a criançadinha que ainda não sabe admirar um museu, não visitaria uma biblioteca e acha que igreja não é um programa divertido, sobretudo se tiverem que ficar calados.
Muita gente grande também gostaria de ficar na gangorra, aproveitar os balanços e seu rangido na armação de ferro, que lembra tanta aventura de criança e dias ou tardes quando nosso pai nos levava a brincar, quando as mães nos empurravam no balanço, até termos altura suficiente e força e concatenação motora para nos balançarmos sozinhos.
No chão, os rastros mostram que não são só as crianças que passam pelo parquinho. Ali já vimos rastro de anta, do lobo-guará, do cachorro-do-mato, além do coelho que mora logo embaixo do parquinho, depois da escadinha sempre cheia da areia que escorre de cima, com a chuva ou quando a meninada desce correndo. Na areia, há pequenos furos enviesados, as entradas dos ninhos de algumas vespas solitárias que ficam voando baixinho e cavam rapidamente suas galerias. Pois, estes dias, vimos também rastros do cachorro-do-mato que andou cavando buracos maiores, procurando as vespas e seus ninhos para comerem os insetos.
Dá gosto ver a meninada na gritaria e na alegria perfeita, sobretudo quando os balanços alcançam alturas “estratosféricas” e eles sentem o vento na cara, o frio na barriga, se sentem campeões, heróis, dominadores, avoando no vento! Quando perguntaram a Cândido Portinari por que pintava tanto menino em gangorra e balanço, respondeu que era para pô-los no ar, feito anjos.
Todos sabem que a maior tarefa dos adultos, no mundo inteiro, é fazer de tudo para conservar para sempre, no rosto das crianças, essa alegria, essa risada, essa felicidade total de quem sente como a vida é bonita quando somos amados, quando um adulto empurra nosso balanço e vai conosco no mesmo embalo. Não há tarefa mais nobre nem mais urgente, em nenhum lugar do mundo, do que fazer uma criança sorrir, do que conservar o riso claro e barulhento na alma de uma criança. Quem inventou um parquinho sabia o que estava fazendo. Vai ver que nas noites de lua cheia, aquele barulho no parquinho não é do vento balançando o balanço, são os anjos aproveitando e se divertindo, fazendo a festa, que depois levam ao sono e aos sonhos das crianças de quem são os anjos-da-guarda.
Pe. Lauro Palú, C. M.