No dia 8 de abril, um macho de cachorro-do-mato foi encontrado, sozinho, por volta das 20h, no acostamento da estrada, nas proximidades do Santuário do Caraça, com fratura (fechada sem lesões na pele) na pata dianteira esquerda.
Desde o momento que foi acolhido pelo Agnaldo (prestador de serviço no Caraça), Dilma Maria e Monitor Ormerindo (funcionários do Caraça) e por um casal de hóspedes, ele permitiu, sem nenhum gesto de hostilidade, os carinhos e os cuidados.
Na manhã do dia seguinte, após receber, por telefone, as orientações do Médico Veterinário/Ortopédico, Dr. Jean Ciarallo, do Centro Veterinário São Francisco, a bióloga Aline Abreu, o guarda-parque Daniel Muniz e o guia João Júlio realizaram a imobilização do membro fraturado. Mantendo a sua serenidade, Bello (nome escolhido pela sua simpatia) foi levado por Aline e Daniel para o Centro Veterinário São Francisco, no município de Conselheiro Lafaiete.
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Ao chegarmos no Centro Veterinário, Bello foi assistido, no primeiro momento, pelo Dr. Wallace e equipe. Em seguida, pelo Dr. Jean Ciarallo.
O Médico Veterinário Dr. Jean Ciarallo foi o responsável pela captura da “loba”, que estava com um tumor no pescoço, em 2012, no Santuário do Caraça. Foi uma cirurgia delicada e muito bem sucedida. que aconteceu no Santuário do Caraça. Um procedimento cirúrgico e de soltura que na época foi elogiado pelo Diretor do Zoológico de Belo Horizonte, considerando que, após a cirurgia, o animal não poderia ficar mais de 24 horas confinado para não se estressar. Solta em seu habitat, a loba Beta já foi vista, cinco dias depois, no adro da igreja do Santuário, alimentando-se e com bons sinais de saúde.
Por enquanto, Bello está em boas mãos, recebendo os devidos cuidados, e, no momento oportuno, retornará para o seu habitat, o Santuário do Caraça.
O Centro Veterinário São Francisco, um grande parceiro da PM de Meio Ambiente, do IBAMA e de outros órgãos ambientais competentes, tem uma atuação marcante no acolhimento de animais silvestres vítimas de traumas e outros, além do atendimento especializado para cães e gatos.
A espécie “cachorro-do-mato”
A espécie Cerdocyon thous, conhecida popularmente como cachorro-do-mato, graxaim ou raposa, é um canídeo brasileiro, amplamente distribuído na América do Sul (excluindo a bacia Amazônica), em regiões de costas a montanhosas (até 3.000 m), normalmente em áreas abertas, campos e cerrados. É um animal territorialista, de hábito crepuscular noturno e pode ser observado só ou em pequenos grupos de 2 a 5 indivíduos. A sua dieta é onívora, semelhante à do lobo-guará: varia dependendo da estação e tipo de habitat. Geralmente come porções de frutos e pequenos mamíferos, mas também artrópodes, aves, répteis e anfíbios. A espécie não está na lista de animais ameaçados de extinção. Duas de suas maiores ameaças são as doenças transmitidas por cães domésticos e os atropelamentos. Comprimento do corpo em centímetros: 66 (57–78). Cauda: 31 (22–41). Altura: 37 (33–42). Peso (kg): 5.7 (4.5–8.5). Número de filhotes: 4 (3–6). Gestação (dias): 56 (52–59). Longevidade (anos): 9.
No Santuário do Caraça é comum ver à noite a família de cachorros-do-mato em frente à igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens, seguindo o costume dos lobos-guará de subir as escadarias para comer petiscos de carne. A presença dessa família nas proximidades da igreja é recente (aproximadamente 2 anos e meio), embora o registro da espécie no Santuário seja antigo. No início, temíamos por um confronto deles com o lobo-guará, pelo domínio do espaço. Sob os olhares de todos os que presenciaram e presenciam o encontro das duas espécies, entendemos, hoje, que é possível que continuem frequentando o mesmo espaço, desde que cada espécie mantenha distância da outra. Um comportamento de cordialidade, talvez. Curiosidade: Com esse episódio, Bello nos ensinou que a pronúncia do seu nome científico Cerdocyon combina bem com a frase “SER (criação de Deus) dócil”. Embora a espécie silvestre possa ser dócil, é necessário manter distância.
O nosso agradecimento a todas as pessoas envolvidas nos cuidados com o Bello.
A Direção do Santuário do Caraça