Aconteceu na RPPN – Santuário do Caraça, nos dias 26 a 30 de julho, a 5ª REBEL – Reunião Brasileira de Estudos Liquenológicos.
A REBEL tem o propósito de ser uma reunião de campo e de cunho taxonômico, para que os participantes possam observar liquens na natureza, apresentar resultados, identificar material, compartilhar conhecimentos e discutir taxonomia e Liquenologia.
O fato da Liquenologia ser o ramo da Botânica tradicional mais carente de pesquisadores no Brasil, bem como ser o grupo de organismos menos conhecido no Brasil, a realização da REBEL é uma oportunidade para estudantes, especialistas e demais interessados, entrarem em contato com grupos taxonômicos diferentes, crescendo em habitats e formações vegetais diversas ou, pelo contrário, verificarem como seu grupo taxonômico de interesse se porta e se desenvolve em locais diferentes daquele em que normalmente trabalha, além de aproximar e facilitar o convívio e troca de informações e facilidades técnicas entre os interessados.
UM POUCO DA HISTÓRIA
Desde o seu descobrimento pelos portugueses em 1500, durante o período de colônia e de reinado (até 1822), o Brasil esteve a maior parte do tempo fechado aos países inimigos de Portugal (amigos da Inglaterra), e isso incluía também a pesquisa científica.
Quando a arquiduquesa da Áustria, D. Carolina Josefa Leopoldina veio ao Brasil, em 1817, para casar-se com o então príncipe D. Pedro de Alcântara (futuro imperador D. Pedro I), trouxe Martius e Spix em sua comitiva, que realizaram a primeira grande expedição científica oficial com apoio do governo brasileiro.
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Karl Friedrich von Martius
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Johann Baptist von Spix
Desde a proclamação da independência até o início do século 20 o Brasil esteve aberto a expedições científicas européias.
A primeira coleta extensiva de liquens que se tem notícia para o Brasil foi realizada pelos pesquisadores alemães C.F.P. Martius J.B. Spix, entre os anos de 1817 e 1820. Nessa excursão percorreram o Brasil desde a latitude da cidade de São Paulo até o alto Amazonas e passaram por quase todos os tipos de vegetação do Brasil. Coletaram 6500 amostras vegetais que foram a base para a publicação da Flora Brasiliensis.
Em seu relato sobre a viagem ao Brasil, Spix & Martius (1981) raramente mencionam a presença de liquens, mesmo para os ambientes onde eles são componentes importantes das paisagens. Entretanto, o material liquênico coletado foi suficiente para que F.G. Eschweiler (1833) mencionasse 169 espécies (com muitas “variedades”) para o Brasil, das quais 38 foram incluídas na iconografia da Flora Brasiliensis. Infelizmente, o material liquênico de Martius foi perdido durante a segunda Guerra Mundial.
Entre 28 de fevereiro e 18 de junho de 1885, esteve no Brasil o liquenólogo finlandês Edvard August Vainio. Desembarcando no Rio de Janeiro, seguiu coletando por várias localidades do estado de Minas Gerais em direção oeste até o município de Antônio Carlos (anteriormente Sítio) e a SERRA DO CARAÇA, onde desenvolveu a maior parte de suas atividades de coleta. Finalmente, coletou na própria cidade do Rio de Janeiro (Vitikainen 1998).
Fonte: DR. MARCELO P. MARCELLI
Instituto de Botânica
Núcleo de Pesquisa em Micologia
São Paulo / SP