27 de setembro é o dia do Santo da Caridade, São Vicente de Paulo (1581-1660). Sua vida foi cheia de grandes realizações de promoção humana, de atendimento aos mais necessitados, de trabalho com os doentes, os refugiados de guerra, o clero, as missões na França e nos países aonde enviou seus Missionários e as Filhas da Caridade.
No início de sua vida de Padre, São Vicente viveu preocupado com a carreira, com dinheiro e lugares de prestígio. Mas, ajudado pelo Espírito de Deus, foi transformando sua ambição em serviço em favor dos mais pobres e abandonados.
Começou com a assistência aos doentes nos hospitais de Paris e com a distribuição de esmolas aos mendigos que iam à casa dos nobres e ricos. Sua primeira fundação foram as Senhoras da Caridade, ainda ativíssimas na Igreja, hoje chamadas Voluntárias da Caridade. Depois fundou nossa Congregação da Missão, para evangelizar os Pobres e formar o Clero. E fundou a Companhia das Filhas da Caridade, para o serviço material e espiritual dos Pobres e dos Doentes.
O que caracterizou a vida e a espiritualidade de São Vicente foi seu encontro pessoal com Jesus Cristo, o Verbo Encarnado, a quem servia na pessoa dos Doentes, dos Pobres e Miseráveis do seu tempo, época de guerras e devastações, de fome e grandes carestias, de perseguições religiosas e convulsões sociais, de pestes e acidentes naturais. São Vicente foi capaz de ver na pessoa dos necessitados a figura de Jesus Cristo, como apareceu na Paixão, desfigurado e sofrido, irreconhecível como gente mas glorioso como Filho de Deus Encarnado.
Para trabalhar com os Pobres, dedicou-se à formação do Clero, porque não bastava pregar missões, se os povoados ficariam em seguida sem padres ou com padres mal formados, ignorantes e viciosos, como ocorria conforme as regiões e as épocas. Na medida em que se dedicou à formação dos seminaristas e padres e até dos bispos, São Vicente acabou descobrindo também o Verbo Encarnado na pessoa dos Padres que adoram a Deus na liturgia, revelam-no aos Pobres pela pregação, no exercício da Caridade e nas missões.
Seu trabalho de formação nos Seminários foi eficaz e criou uma tradição que seus Padres prolongaram, nos séculos seguintes, no mundo inteiro. No Brasil, dirigimos seminários em muitos Estados, consagrando os melhores dos nossos membros a esse trabalho tão meritório. Minas Gerais se distingue pelo número de paróquias onde foram pregadas as missões, onde se organizaram as Voluntárias da Caridade, onde as Filhas da Caridade estabeleceram Colégios e Hospitais, Creches e Asilos, onde os Padres não partiam sem fundar as Conferências de São Vicente, que tanto bem fizeram aos Pobres mais desassistidos. Os Seminários Menor e Maior de Diamantina e Mariana e o Colégio e a Escola Apostólica do Caraça foram centros de irradiação do espírito evangélico, da caridade concretizada em obras de assistência e promoção humana dos desvalidos, além de terem sido centros de irradiação cultural e humanista que marcaram a cultura mineira e suas realizações mais elevadas.
O Caraça, desde 1820, com os Padres Vicentinos, realiza a inspiração do Fundador, Irmão Lourenço de Nossa Senhora, que legou sua obra a Padres que fossem missionários do povo simples e educadores de crianças pobres. O Caraça continua como centro de peregrinação e cultura e agora de turismo, educação e preservação ambiental. A festa de São Vicente, no final da setembro, reunirá no Caraça a Família Vicentina, para beber do coração de nosso Fundador a inspiração mais forte e generosa no serviço caritativo e evangelizador.
Pe. Lauro Palú, C. M.