Durante os dias 13 e 14 de janeiro, o Santuário do Caraça foi a capital do xadrez em Minas Gerais, com um alto nível de competição que predominou nas partidas desta 3ª edição do torneio. E este crescimento técnico é justificado pela presença de dois GM’s (Mequinho e Evandro Amorim, este, o único de Minas Gerais) e um MI, Roberto Molina, que almeja o posto de GM em breve. Além deles, dezenas de jogadores, jovens principalmente, estão levando o esporte muito a sério. Consequência disto foi o trabalho que eles deram aos GM’s, como aconteceu nesta edição, quando o Mequinho teve que “suar” para ganhar do jovem Alan Elvis Nogueira (1.900 pontos de força) e do Ernando Evandro Ferreira Vieira (2.001 pontos de força). Podemos dizer com isto que a elite do xadrez mineiro estava presente no Caraça e, portanto, se tornou a capital do xadrez naqueles dias.
Quatro dezenas de jogadores estiveram disputando valentemente durante os dois dias. Uns para realmente levar os melhores prêmios, outros na esperança de poder fazer frente aos grandes e poder surpreender, outros ainda pelo prazer de jogar e estar perto de grandes jogadores, aprendendo um pouco, fazendo novos amigos e conhecendo o paraíso do Caraça, uma festa do xadrez, como disse o senhor Henrique Antônio, que saiu com o filho de Barbacena para se hospedar no Caraça e disputar o torneio: “Pode marcar o próximo que estaremos aqui de novo, vocês não poderiam ter escolhido um lugar melhor, parabéns…”, declarou na porta do museu, o local de entrada para os jogos, que foram realizados no auditório, no terceiro andar.
A primeira e a segunda edição aconteceram na sala de jogos, um local modesto, que não poderia mais comportar o número de jogadores que estavam inscritos para esta terceira edição. Por isto escolhemos o auditório do museu, lugar amplo que acolheu a todos com conforto e tranquilidade, fundamentais para a prática do xadrez. Nesta edição foi adotado o jogo rápido (30 minutos para cada jogador mais acréscimos de 5 segundos por lance feito) em 6 rodadas, três no sábado e três no domingo. Este sistema de jogo é o mais adotado quando não se está disputando um Aberto do Brasil, em que sempre é utilizado o jogo padrão (standard), 90 minutos para cada jogador mais acréscimos de 30 segundos por lance feito. Uma novidade este ano foi a realização de uma simultânea, onde um Grande Mestre joga ao mesmo tempo com outros 20, 30, 50 e até 100 jogadores ao mesmo tempo. No nosso caso, o GM Evandro escolheu o número limite de 20 participantes, facilmente preenchida a lista. Só não pode participar quem não tenha algum título reconhecido pela FIDE (Federação Internacional de Xadrez): CM (Candidato a Mestre), MN (Mestre Nacional), FM (Mestre FIDE), MI (Mestre Internacional) e GM (Grande Mestre). A simultânea que começou logo após a terceira rodada durou cerca de três horas, parada um tempo para a turma se alimentar; depois do jantar, estavam restando apenas 8 jogadores para serem derrotados, coisa de que o GM Evandro deu conta em apenas mais uma hora e pouco. Perguntamos como ele consegue administrar tudo e ganhar de todos: “Jogo sempre na segurança, administrando a partida. Quando veja uma falha no adversário, tenho que ir para cima e decidir rápido, pois tenho outros 19 jogadores tentando a todo custo ganhar de mim…”. Eu posso dizer que joguei contra ele e perdi: “O cara vai cozinhando a gente em “banho maria”, quando percebemos, não temos mais nada que fazer, só nos resta abandonar a partida…”
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Num torneio de xadrez sempre os melhores e com rating mais alto ficam sempre nas mesas 1, 2, 3, 4 e 5, dependendo do número de jogadores. E a 1, a 2 e a 3 sempre eram as mais procuradas, porque ali sempre estavam os melhores (Mequinho, Evandro e o Molina). Na sexta e definitiva rodada, a mesa 1 estava ocupada por ninguém mais, ninguém menos do que os dois GM’s do torneio, um jogo fantástico que foi revertido incrivelmente pelo Mequinho faltando apenas 6 segundos para ele perder por tempo. Toda rodeada por dezenas de pessoas, ali estava sendo decidido o torneio do Caraça. Um empate mais que aceito pelo Evandro que não via mais a possibilidade de ganhar e não queria sair com derrota do Caraça. Uma brilhante vitória do gênio Mequinho, que poderá vir a ser novamente campeão brasileiro no próximo mês: ele vai disputar a final do campeonato nacional.
Enfim, nossos agradecimentos a todos, em especial à direção do Caraça que nos abriu as portas e nos proporcionou esta maravilhosa festa do xadrez… Como sempre dissemos: O XADREZ FAZ PARTE DA HISTÓRIA DO CARAÇA…
Do Caraça: Fram Emery