Uma das aves mais interessantes do Caraça é o taperuçu-de-coleira-falha (Streptoprocne biscutata). Geralmente, chega aos milhares durante os meses de julho e agosto e nos deixa entre os meses de janeiro e março.
Entre 1999 e 2000, trabalhei na companhia de meu amigo, José Cláudio Ferreira (conhecido na baixada caracense como “Mocotó”), no Pico do Inficionado. Lá passávamos cerca de uma semana por mês, com amostragens mensais ao longo de 12 meses consecutivos. Nosso objetivo era estudar como a comunidade de aves do alto da serra variava ao longo das estações do ano. Nesse período, pudemos estudar um pouco da biologia do taperuçu-de-coleira-falha, que lá permaneceu entre os meses de agosto de 1999 e janeiro de 2000. As aves retornaram em agosto de 2000. Seus ninhos, construídos em paredões rochosos de grotas e abismos vertiginosos foram encontrados em novembro e dezembro de 1999. Enquanto estão no Caraça, temos a impressão de que as aves praticamente não dormem – ouvíamos suas vozes durante toda a noite de nossa “gruta-dormitório”. De manhã cedo, saíam às centenas dos grotões e voavam para longe, retornando ao final da tarde. Os taperuçus-de-coleira-falha, assim como outros andorinhões (seus parentes próximos), alimentam-se de insetos em pleno voo.
Agora é a época em que estes nobres visitantes nos deixarão. Ainda não se sabe para onde vão, mas esperamos que estejam de volta em breve, quem sabe em julho…
Taperuçus-de-coleira-falha fotografados no Pico do Inficionado.
Texto e foto: Marcelo Ferreira de Vasconcelos.