1. Retábulo (Altar)
Móvel religioso de madeira, da segunda metade do século XVIII.
Fragmento de retábulo composto por frontal de altar em forma de urna, abaulado, decorado com frisos e rocalhas nos ângulos; ao centro, tarja “rocaille” cordiforme, ornada com frisos e volutas. Frente de banqueta moldurada, decorada com rocalhas e volutas nas extremidades e concheado com frisos ao centro. Dois fragmentos de socos abaulados com talha rocaille; dois fragmentos de quartelões e renda, de boca de tribuna com decoração em concheados; arco moldurado.
2. Púlpito
Móvel religioso de madeira, da segunda metade do século XVIII. Douramento de Manuel da Costa Ataíde.
Púlpito polifacetado, com base composta de friso reto seguido de friso côncavo largo, branco, friso meia-cana e frisos escalonados. Bacia abaulada com faces molduradas por faixa reentrante. Painel central apresentando decoração em alto relevo de rocalha vazada, ocre. Este é ladeado por painéis mais estreitos, decorados com relevos de acanto, rocalhas e angras. Painel da extremidade esquerda largo, observando-se relevo de rocalha vazada, partida ao meio. O da direita teve sua face cortada para encaixe de escada lateral. Todos os painéis apresentam recortes superiores em forma de taça e recortes inferiores em semicírculo. Parapeito composto de frisos escalonados, friso meia-cana, frisos côncavos e frisos estreitos. Pintura de fundo verde escuro.
3. Púlpito
Móvel religioso de madeira, da segunda metade do século XVIII. Douramento de Manuel da Costa Ataíde.
Púlpito polifacetado, com base composta de friso reto seguido de friso côncavo largo em marmorizado azul e branco, friso meia-cana e frisos escalonados, marmorizados. Bacia abaulada com faces molduradas por faixa dourada e friso reentrante. Painel central apresentando decoração em relevo dourado de rocalha vazada. Este é ladeado por painéis mais estreitos, decorados com relevos de acanto, rocalha e angras. Painéis das extremidades largos, observando-se relevo dourado de rocalha vazada, partida ao meio. Todos os painéis apresentam recortes inferiores em semicírculo. Parapeito composto de frisos escalonados, friso meia-cana, frisos côncavos marmorizados azul e branco e friso estreito. Relevos e frisos dourados sobre pintura em fundo branco.
4. Bengala
Bengala de uso pessoal do Irmão Lourenço de Nossa Senhora, Fundador do Santuário do Caraça, de jacarandá, do início do século XIX.
5. Crucifixo
Crucifixo do século XVIII.
Cruz de traves retas em madeira preta, com bordas frisadas. Apresenta três ponteiras de prata decorada por angras e folhas de acanto que envolvem uma concha com arremate em frisos em “S” e folhas. Título em forma de cartela em rolada, com pontas recortadas em ângulo e inscrição em letras de imprensa. Na parte inferior da cruz, observa-se relicário quadrilobulado, com bordas em “C”, contendo círculo delimitado por friso perolado com vedação em vidro e lacre vermelho com relíquia. Inscrições nas laterais e parte inferior. Ponteira inferior em chapa com frisos. Peanha de cinco faces com parte inferior moldurada e frisada em escócia. Parte central abaulada com arestas marcadas; parte superior também em escócia com friso e arremate pentagonal. Cristo morto sobre a cruz tem os olhos fechados. A cabeça se acha pendida sobre o ombro direito. Os cabelos longos caem em mechas. Tem barba curta, partida ao meio e bigodes saindo das narinas. Braços em “Y”, mãos cravadas, abertas. Tronco cheio com cintura estreita, marcada, ventre contraído, com costelas em ogivas. Quadris largos envolvidos por perizônio branco, atado por corda dupla, caído com ponta à direita. Pernas magras, levemente flexionadas. Pé direito sobre pé esquerdo preso à cruz por cravos de prata. Carnação rosa-claro com chagas e estrias vermelhas. Na junção das traves observam-se raios. Há no verso um selo de lacre com armas de um bispo e inscrição ilegível.
6. Documento de autenticação da Relíquia de São Pio Mártir, firmado em Roma, no dia 9 de junho de 1792.
7. Anjo da primitiva Ermida do Irmão Lourenço
Anjo de madeira, do século XVIII.
Figura de menino nu, corpo meio inclinado de perfil, cabeça voltada para a esquerda. Cabelos em mechas grossas penteados para trás, com mecha caindo sobre a fronte. Braços quebrados, pernas grossas flexionadas para trás. Pés descalços em diagonal, com dobras adiposas na articulação. Tem uma faixa de pano azul com flores vermelhas de miolo dourado, pendendo do ombro direito e cobrindo o sexo. Carnação rosa com carmim nas faces. Parte posterior sem pintura.
8. Imagem de Santo Estevão
Imagem de madeira, da segunda metade do século XVIII.
Figura masculina, jovem, de pé, posição frontal. Cabeça levemente inclinada para a esquerda, olhar direcionado para cima. Rosto redondo, sobrancelhas arqueadas, nariz afilado, boca entreaberta deixando aparentes os dentes superiores e a língua. Cabelos curtos, ondulados, com franja cobrindo parte da testa. Braço direito flexionado para a frente com manípulo pendente vermelho composto de bordas, franjas e cruz douradas. Apresenta detalhes em pastiglio com trabalho em losangos e punção na cruz; perda da mão. Pernas retas, mostrando apenas a ponta do pé esquerdo, calçado com sapato preto com pontos dourados. Veste dalmática vermelha, ornamentada com ramagem de folhas em esgrafito, filetes curvos, acantos e elementos fitomorfos, bordado dourado em punção, formando losangos e pontilhados; gola arrematada por punção e pontos; nas costas, pende de cada lado, cordão dourado saindo dos ombros, com três borlas cada um. Alva de fundo escuro presa por cíngulo dourado com borla. Sotaina dourada com barra trabalhada com punção em curvas e pontos intercalados. Peanha em forma de monte rochoso com pedras salientes; base recortada em curvas, vermelha com mancha amarelas; bordas frisadas.
9. Imagem de São Lourenço
Imagem de madeira, da segunda metade do século XVIII.
Figura masculina, jovem, de pé, posição frontal. Cabeça erguida, olhar direcionado para a frente. Cabelos curtos em mechas sinuosas, tonsura no alto da cabeça. Rosto oval, olhos amendoados, nariz afilado, boca pequena. Braço direito flexionado em ângulo reto, mão de segurar; perda dos dedos. Braço esquerdo estendido para o lado, mão de segurar. Perna direita levemente flexionada, perna esquerda reta, pés em ângulo. Veste alva branca e dourada, rendilhada e com estrias, presa por cíngulo dourado com borlas, de barrado preto com rendilhado branco em xadrez e flores. Dalmática vermelha com flores douradas e escamado, barrada em pastiglio de flores, folhas e círculos com bordas onduladas; dois cordões com borlas caindo nas costas. Manípulo vermelho com escamado e franjas douradas com cruz ao centro, sobre o braço esquerdo. No peito, relicário de metal com vidro contendo relíquia do Santo. Calça sapatos pretos com pontos dourados. Carnação rosa. Peanha retangular com quinas chanfradas; parte superior côncava; cartela central branca com contorno dourado, contendo inscrição em preto.
10. Imagem do Santo Bispo
Imagem de madeira, da segunda metade do século XVIII.
Figura masculina, meia-idade, de pé em posição frontal. Cabeça erguida, levemente inclinada à sua direita. Cabelos curtos em mechas, saindo por baixo da mitra que lhe cobre a cabeça. Olhar direcionado para baixo, boca entreaberta com dentes aparentes. Nariz afilado, queixo em montículo. Braços flexionados à frente, mãos de segurar vestidas com luvas vermelhas. Perna direita reta, esquerda levemente flexionada e adiantada. Pés distanciados e desencontrados, com sapatos pretos de fivela com círculos dourados. Veste sotaina branca decorada com estrias douradas, barras em folhas de acanto enroladas e faixa puncionada dourada, abotoada na frente. Roquete branco. Peregrineta cinza-claro com estrias douradas, barra em folhas de acanto e faixa puncionada abotoada na frente com capuz caindo nas costas. Estola vermelha decorada com estrias, flores, cruz e franjas douradas, com cordão e borla nas costas. Cruz peitoral dourada pendente de cordão escuro. Mitra cinza-claro com folhas, flores, aletas, estrias e faixas douradas. Peanha quadrada com quinas chanfradas, moldurada e pintada em faiscado azul com frisos dourados.
11. Imagem de São José de Botas
Imagem de madeira, da segunda metade do século XVIII.
Figura masculina, meia-idade, de pé, posição frontal. Cabeça ligeiramente voltada para a esquerda e inclinada para baixo. Cabelos castanhos, ondulados. Barba e bigode vastos. Sobrancelhas arqueadas, nariz afilado, maçãs rosadas, lábios cerrados. Braços flexionados para a frente, mão esquerda segurando um manto, onde havia um Menino Jesus. Perda da mão direita. Perna esquerda reta, perna direita levemente flexionada. Pés em ângulo, calçados com botas. Veste túnica em brocado verde com gola e punhos vermelhos, cingida por cinto largo torsal preto; barrado em relevos fitomorfos, pendendo do ombro esquerdo pelas costas, trespassando na parte da frente. Base marmorizada em azul, quadrifacetada; parte superior chanfrada e frisada; parte inferior côncava, centrada em motivos fitomorfos em forma de cartela.
12. Imagem de Santa Rita de Cássia
Imagem de pedra-sabão, do século XVIII-XIX.
Figura feminina, jovem, de pé, cabeça inclinada para a esquerda, olhar direcionado para a frente. Rosto arredondado, olhos separados, sobrancelhas altas, narinas largas, lábios finos. Braço direito flexionado até a altura da cintura, carregando uma grande palma e três coroas unidas, com bordas superiores recortadas em curvas. Braço esquerda estendido para a frente. Pernas separadas, pés em ângulo, pé direito voltado para a frente, pé esquerdo bem recuado, sapatos fechados, com bico arrebitados. Veste hábito longo, com cintura alta, atada por correia que passa por uma fivela e cai abaixo do joelho; mangas largas nas extremidades. Coifa na cabeça, deixando ver as marcas das mechas do cabelo, com acabamento em enrolamento contornando o rosto. Traz o véu curto, com ponta elevada sobre o ombro esquerdo e capa fechada à frente, passando sobre os braços e caindo pelas laterais e costas, até a altura do joelho, aproximadamente. Base retangular com dois ângulos frontais chanfrados e título entalhado: “S Rita de C”.
13. Santo de Roca
Imagem de madeira do século XIX.
Figura feminina (?), jovem, de pé, em posição frontal. Cabeça levemente voltada para sua esquerda, olhar direcionado naquela direção. Cabelos curtos em estrias, com tonsura. Braços articulados com mão direita de segurar e esquerda aberta; antebraços esculpidos e encarnados. Tronco semi-esculpido com carnação até o meio; alargamento abaixo da cintura. Parte inferior em arcabouço composto por quatro ripas verticais fixadas com leve inclinação. Base ovalada com parte fronteira dos pés encaixados e calçados com sandálias de tiras. Peanha retangular moldurada com quinas chanfradas, pintada de vermelho.
14. Imagem de Santo Antônio
Imagem de madeira, do século XIX.
Figura masculina, jovem, de pé, posição frontal. Cabeça erguida, olhos grandes com olhar direcionado à frente, nariz reto, boca recortada. Cabelos curtos com tonsura monacal. Orelhas distanciadas do crânio. Braço direito flexionado em ângulo reto, mão de segurar. Braço esquerdo flexionado, mão apoiando livro vermelho e dourado, onde se assenta o Menino Jesus. Perna direita ligeiramente flexionada; esquerda reta. Pés calçados com sandálias de tira preta. Veste hábito castanho escuro. Túnica de barra dourada; padronagem em rosas e estrias douradas. Sobretúnica castanho escuro, de barras douradas; mangas em ponta. Murça com parte posterior em ângulo e capuz às costas. Padronagem dourada em rosas e círculos dourados. Cordão duplo na cintura, cor prata, com três nós, borla e fivela dourada. Menino Jesus sentado; cabeça erguida, cabelos com estrias castanhos. Braço direito apoiando um globo azul. Perna direita flexionada abaixo; perna esquerda flexionada sobre o livro. Veste túnica branca e dourada cintada, com faixa, dois círculos e babado na gola. Peanha quadrada, moldurada, com quinas chanfradas, marmoreado rosa, com filetes dourados e faixa azul.
15. Quarto de Santo Antônio
Miniatura de madeira, tecido e palha, da segunda metade do século XVIII.
Caixa de madeira retangular, com a frente aberta, envidraçada, moldurada, com quatro pés torneados em bolacha, pintados de preto. Em seu interior está representado um cômodo de residência, com paredes pintadas em branco, forro branco decorado por rocalha ao centro e elementos “C” nos ângulos. Ao fundo, vê-se duas estantes em vermelho e dourado, expondo livros com lombadas vermelhas, pretas e douradas, com iniciais. Na prateleira superior há um vaso à direita e dois à esquerda; na prateleira inferior vê-se vasilhas diversas e frutas. Ao centro, entre as estantes, distingue-se um retábulo estruturado por mísulas, pilastras e colunas torsas, com coroamento em arquivoltas concêntricas, numa extensão das pilastras e colunas. O arremate do altar é em sanefa curva vermelha fixada no teto. O sacrário é facetado, apainelado e dourado. A renda da tribuna é também dourada. O camarim azul com estrelas douradas abriga Nossa Senhora da Conceição sobre o globo e duas jarras com palmas. A mesa do altar apresenta frontal com pano amarelo onde se vê o monograma “M”, em papel dourado, sobre frisos dourados. A toalha da mesa é branca rendada, nela estando dispostos dois castiçais de prata com velas e duas jarras de prata, contendo palmas. Na lateral esquerda, próximo à mesa, aparece Santo Antônio, de joelhos. Este tem a cabeça inclinada para a direita, cabelos castanhos com tonsura e resplendor de prata. Veste hábito escuro, tem os braços flexionados e as mãos abertas. À sua frente há um tapete xadrez verde e vermelho, uma lâmpada de azeite (em prata) e uma campainha dourada. À direita, pendendo do teto, aparece o Menino Jesus, nu, sobre nuvens, com os braços abertos. Ainda à direita, no chão há uma mesa quadrada, de pernas curvas vermelhas, com toalha de damasco verde, onde está exposto um atril com livro manuscrito aberto. Ao lado da mesa vê-se uma cadeira com braços em volutas, pernas torneadas, assento e espaldar de couro preto e dourado. No chão, à frente da mesa, há uma pequena coluna torneada, encimada por globo e cruz dourados e uma campainha cor de bronze; ao fundo, sob a estante vê-se um baú de couro com pontilhados dourados. Na parte lateral direita, distingue-se um cabideiro vermelho, com duas travessas, uma batina parda, uma toalha de renda branca, um cíngulo, um brasão com coração, um chapéu e um chibata. Ainda na mesma parede vê-se três quadros com molduras em vermelho e dourado, com gravuras de Nossa Senhora, São Francisco e Santo Tomás de Aquino. À esquerda, aparece um catre de pernas quadradas, com ponteiras piramidais douradas e cabeceira recortada, pintada de vermelho com ramos dourados. Está coberto por esteira de palha e tem dois travesseiros com forros vermelhos e rendas brancas. Sob o catre há uma bacia de madeira e um urinol de prata. Aos pés da cama vê-se um par de tamancos e um baú na cabeceira. Na parede lateral esquerda aparece uma chibata de capim e linha, um dossel frisado com lambrequins vermelhos e dourados, cortinado de veludo vermelho e um quadro com moldura também vermelha contendo gravura de um santo não identificado.
16. Pia Batismal
Móvel religioso de pedra-sabão, de 1824.
Pia batismal composta de coluna em base circular torneada e frisada; fuste abaulado, arrematado superiormente por friso. Bacia circular em meia-esfera, decorada por gomos sulcados e frisos na borda. Interior liso.
17. Crucifixo
Imagem de madeira, da segunda metade do século XVIII.
Crucifixo com cruz em forma de tronco estriado e desgalhado; pontas vermelhas, fundo verde. Base em forma de monte semicircular, verde, com rochas irregulares, na cor vermelha, com estrias pretas. Título em fl6amula de prata com a inscrição “J N R I”, em letra de imprensa; resplendor losangular centrado por flor. Cristo jacente; olhos fechados; cabeça pendendo à direita; cabelos longos em estrias finas formando mechas; barba e bigodes em mechas. Braços em “Y”, mãos cravadas. Dorso volumoso com a ossatura marcada; corte sangrando à direita. Veste perizônio branco atado por cordão duplo, com ponta caindo à direita. Pernas ligeiramente flexionadas; pé direito cravado sobre o esquerdo; carnação rosa com chagas nos joelhos e filetes de sangue.
18. Imagem de Nossa Senhora das Graças, que ficava no terceiro andar do prédio do Colégio (dormitório), que foi salva na noite do incêndio pelos alunos, que a desceram com cordas em meio às chamas.
Fonte: Inventário Nacional de Bens Móveis e Integrados – Minas Gerais, Colégio do Caraça. Pesquisa do Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural, com coordenação geral de Mônica Massara.